O ministro do Comércio guineense, Vicente Fernandes, negou as acusações de vários agricultores do país que o responsabilizam pelo "mau preço" na compra da castanha do caju, principal produto agrícola e de exportação da Guiné-Bissau.
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, fixou o preço de 1.000 francos CFA (cerca de 1,5 euros) para compra de cada quilograma da castanha, mas passados alguns meses sem que o produto fosse comprado pelos comerciantes, o novo ministro do Comércio, Vicente Fernandes, sob orientação do Governo, liberalizou o preço.
Nos últimos dias, a castanha tem sido comprada a 400 ou 500 francos CFA, o quilo, o que para muitos agricultores foi uma situação provocada pelo pronunciamento do ministro que acusam de "estragar a campanha".
"Estão a dizer que estraguei a campanha. Não é bem assim. Eu fui o bombeiro da campanha, quando vi que ela ia ser estragada por outros", declarou Vicente Fernandes, num encontro, em Gabu, no leste da Guiné-Bissau, com alguns camponeses.
"Eu não posso tratar mal os camponeses, porque também sou filho de um camponês. O meu pai, infelizmente já falecido, trabalhou, duro, no campo como vocês para que eu possa ser hoje um doutor. É isso que quero para vocês, que consigam ter as mesmas oportunidades de mandar os vossos filhos para escola", observou o governante.
Vicente Fernandes acusou o Presidente guineense de estar a utilizar a campanha de comercialização da castanha de caju para visar a sua reeleição em 2019.
"Há uma pessoa que quer atirar a poeira para os olhos do povo, porque quer garantir a sua reeleição enquanto Presidente da República no próximo ano, por isso quer enganar o povo com isto da castanha do caju", destacou Fernandes.
O ministro disse que ainda não estava no Governo, mas já defendia que o preço de 1.000 francos CFA por quilo não ia resultar.
Vicente Fernandes pede aos camponeses que vendam a castanha "enquanto é tempo", antes que a chuva se intensifique no país, caso contrário os compradores indianos e vietnamitas irão recusar o produto.
"Com a chuva o indiano ou o vietnamita, que têm o dinheiro, começam a dizer 'no good, no good' ('não é bom, não é bom') e não compram mesmo. Aí o Estado não pode fazer nada para os obrigar a comprar", alertou Fernandes, exortando os camponeses a não darem ouvidos "aqueles que enganam", com "promessas de milagres".
O governante referia-se ao preço de 1.000 francos CFA o quilo, que disse, "nunca vai chegar".
Conosaba/Lusa
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