A situação crítica e crescente do roubo de gado-bovino ameaça cada vez mais a paz social, no seio das comunidades limítrofes entre as repúblicas da Guiné-Bissau e do Senegal. Um novo fenómeno que pode beliscar a convivência sã entre os guineenses e senegaleses tem a ver também com a posse de terras a nível das aldeias da linha fronteiriça.
Os números falam por si. As pessoas entrevistas pelo repórter do Jornal O Democrata perderam as contas das vezes que presenciaram devoluções de gado roubado por alegados gatunos guineenses, mas os mesmos interlocutores confessaram aos microfones do repórter que nunca assistiram a uma devolução de gado roubado por senegaleses.
Os populares do setor de Bigene revelaram que os senegaleses acusam os guineenses de serem ladrões tal como os seus governantes. Os senegaleses da zona limítrofe com o país acreditam que todos os guineenses roubam ou furtam, até proferem essas acusações na cara de cidadãos nacionais que frequentam o território senegalês.
O episódio mais recente do roubo de gado envolve um grupo de jovens de uma aldeia nos arredores da sede setorial de Bigene, um caso que culminou na detenção de um jovem do grupo pelas autoridades senegalesas. O rapaz foi atingido a tiro, fato que facilitou a sua detenção pelas forças senegalesas.
Apesar de ninguém ter confirmado pelo menos um caso de roubo de gado pelos senegaleses no território nacional, a maioria dos nossos entrevistados afirma que os senegaleses também entram no espaço territorial guineense para roubar madeira, cibe e canas de bambo, mas o assunto merece pouca atenção das autoridades dos dois países.
Há relatos que ainda apontam para fortes indícios de haver colaboradores senegaleses que facilitam as atividades de roubo de gado aos alegados gatunos da Guiné-Bissau. Os supostos cúmplices recebem ou hospedam os malfeitores, assim como lhes instruem em como fazer o roubo.
O mais estranho aos olhos dos populares é ver os gatunos no território nacional com armas de fogo com as quais praticam roubos a mão armada no outro lado da fronteira, ameaçando a segurança fronteiriça tanto para quem vive no Senegal como para quem vive no país, concretamente no setor de Bigene.
De acordo com as informações, os ladrões roubam quantidades de gado no território senegalês e entram na Guiné-Bissau. Alguns malfeitores atravessam o rio Farim, na localidade de Barro (Porto de Barro), seguindo assim para a região de Oio, setor de Bissorã.
AJED DENUNCIA LUTA PELA POSSE DE TERRA ENTRE SEGALESES E GUINEENSES
A Associação Juvenil para Educação e Desenvolvimento (AJED), sediada em Bigene, denuncia existência de disputas pela posse de terra entre as comunidades limítrofes, entre cidadãos da Guiné-Bissau e do Senegal.
A AJED é uma organização local fundada em meados de 2005. Desde então tem atuado no domínio de pacificação da linha fronteiriça, tendo em conta as contendas vividas frequentemente nessa zona.
AJED atuou em vários projetos destinados às comunidades das zonas limítrofes entre a Guiné-Bissau, a Gâmbia e o Senegal, sempre em sintonia com os seus similares dos respetivos países. Mas nos últimos anos, a AJED está focalizada nos trabalhos ligados à denominada Plataforma das Organizações Locais que Intervêm na Linha Fronteiriça, que congrega 20 organizações dos 3 países mencionados.
O Secretário-geral da AJED, Baciro Mané, afirma que os maiores problemas que a sua organização enfrenta é o fenómeno de roubo de gado, uma das causas dos desentendimentos entre as comunidades dos dois lados da fronteira. Neste particular, Mané lembra de uma situação do roubo de gado no território senegalês alegadamente praticado por guineenses, que causou posteriormente um ambiente de mal-estar. Os senegaleses decidiram criar um Comité de Vigilância da Fronteira, que bloqueou duas vezes a fronteira. Primeiro em 2012, ano da criação da plataforma das organizações fronteiriças e segundo em 2014.
Em ambas as situações, a AJED exerceu com sucesso a sua influência para o desbloqueio da contenda junto dos seus parceiros senegaleses. E as barreiras foram levantadas com a intervenção de autoridades senegalesas.
“Na altura os cidadãos senegaleses sustentaram a decisão de encerrar as fronteiras como a melhor forma de evitar roubos, ou seja, impedir a entrada dos gatunos. Até recorreram na primeira fase antes do fecho de fronteira, à identificação de sotaques étnicos para identificar uma dada etnia que aos olhos dos senegaleses é dos indivíduos que roubam frequentemente no Senegal”, nota o jovem ativista bigenense.
Baciro Mané alertou para uma nova situação que está a ganhar enormes proporções na linha de fronteira, sobretudo na área geográfica onde fica o setor de Bigene. A título de exemplo, na tabanca de Sindina na Guiné-Bissau e na aldeia de Yaran no Senegal, onde 40 cidadãos senegaleses desmataram seus espaços agrícolas até entrarem significativamente dentro do território nacional. Segundo as informações apuradas pelo o repórter de O Democrata, tudo aponta que a situação está a ser analisada entre as organizações que atuam na zona fronteiriça entre os dois países.
A distância ou o intervalo entre os pilares que separam o território guineense e do senegalês, para alguns, está na base das confusões. As pessoas aproveitam o espaço alheio, como aconteceu com as comunidades de Sindina e de Yaran, por desconhecimento ou por negligência. Alguns pomares de cajueiros na zona limítrofe tem uma parte no Senegal outra na Guiné-Bissau.
A AJED assim como seus similares do Senegal não têm poderes de intervir nos assuntos das fronteiras, função que cabe aos Estados senegalês e guineense. Às organizações cabe-lhes apenas apaziguar e sensibilizar as comunidades a adotarem melhores comportamentos para uma convivência sã, para que reine o espírito de boa vizinhança.
OS ATIVISTAS DE BIGENE PEDEM COOPERAÇÃO DAS AUTORIDADES GUINEENSES
A AJED lamenta a pouca abertura das autoridades guineenses, que na visão do Secretário Juvenil para a Educação e Desenvolvimento, devem ser os melhores parceiros da sua organização, sobretudo no domínio do roubo de gado. Na última entrega de gado, que alegadamente teria sido roubado no Senegal por supostos gatunos guineenses, a AJED diz ter-se sentido afastada do processo. Ainda assim, conseguiu apurar que o Estado da Guiné-Bissau devolveu 13 vacas às autoridades senegalesas, fato que contenta esta associação juvenil.
Por outro lado, AJED diz compreender as limitações dos agentes de defesa e segurança colocados no setor, mas acredita que a situação de roubo de gado pode minar a relação entre as comunidades fronteiriças, assim como a relação entre os dois Estados, por isso, tem que ser banida.
“Queremos que as nossas autoridades nos permitam envolvermo-nos na medida das nossas possibilidades, sendo nós uma organização vocacionada na matéria, assim seria bom para nós, para as autoridades e para as duas comunidades dos dois países. Infelizmente, há matérias de exclusiva responsabilidade dos dois governos e ali não conseguimos penetrar mais a fundo para recolher as informações das quais precisamos”, explicou.
A AJED garante ter acompanhado com atenção a situação da detenção do jovem guineense que alegadamente ter-se-ia deslocado para roubar gado no Senegal, mas fez as suas investidas sempre em colaboração com seus parceiros da sociedade civil senegalesa. Fontes contatadas pelo jornal O Democrata afirmam que o suposto ladrão já terá sido libertado pelas autoridades senegalesas.
Baciro Mané disse que a sua organização tem a informação da libertação do jovem em causa através de fontes familiares, que confirmaram a libertação do rapaz e que já se encontra na sua aldeia natal, segundo as explicações do dirigente associativo.
Mané disse que desde a criação da AJED, assistiu apenas às entregas de gado roubado na Guiné-Bissau, mas que nunca presenciou uma cerimónia do género no Senegal, fato que evidencia as alegações dos senegaleses em relação aos cidadãos guineenses de serem os únicos que roubam no território senegalês.
A AJED está a trabalhar arduamente nos últimos anos com vista a minimizar essa prática. O Democrata soube que o roubo de gado entre os dois países envolve mais a camada juvenil.
O envolvimento da juventude da Guiné-Bissau, concretamente do setor de Bigene, fez com que a AJED organizasse, no ano passado no período das férias, um torneio de futebol que envolveu 22 tabancas do setor de Bigene. O evento visava desviar a atenção dos jovens que alegadamente podiam pensar em deslocar-se para roubar gado no território nacional ou no Senegal. O torneio ‘Inter tabancas’ decorreu em três localidades do setor de Bigene – Barro, Sambuia e Bigene.
Atualmente, a AJED trabalha num projeto em colaboração com seus parceiros com o objetivo de fomentar o empreendedorismo nos jovens e mulheres, onde as pessoas podem levantar as fichas de requerimento junto dos responsáveis da AJED para preencher e concorrer a um fundo disponível.
“O nosso amanhã depende de como o preparamos hoje. O futuro começa no hoje. O que plantamos é o resultado da nossa colheita no amanhã”, advertiu Baciro Mané, antes de aconselhar os jovens para deixarem o roubo de gado e assalto a mão armada. De seguida fez notar que hoje os jovens têm melhores oportunidades que os seus antepassados, acrescentando que hoje é fácil aprender, “apenas não aprende quem não quer”.
Insistiu no apelo à juventude da zona a se abdicar de atos como roubo de gado, porque podem comprometer as relações entre os dois Estados e dois Povos, lamentando a forma como os guineenses são encarrados pelos senegaleses como sendo todos ‘ladrões’.
“Hoje os guineenses são vistos como ladrões do outro lado da fronteira. Os senegaleses chamam-nos de ladrões. Somos obrigados a andar cabisbaixos quando atravessamos a fronteira, por isso, a AJED repudia o roubo de gado, porque não nos dignifica a todos. Acham que somos todos gatunos com razão, porque são na maioria os jovens da Guiné-Bissau que roubam no Senegal”, sublinha.
ROUBO DE GADO CEIFA VIDAS DE JOVENS GUINEENSES
Roubo de gado ceifa cada vez mais a vida da juventude guineense, concretamente dos setores de Bigene e Bissorã. Na maioria dos casos as vítimas mortais são jovens armados com armas de fogo (Ak 47), com as quais roubam no território nacional e no Senegal.
O Chefe da tabanca de Bigene, Queba Camará, disse à nossa reportagem que o roubo de gado é preocupante em Bigene, apontando o exemplo do grupo de jovens que se deslocou ao Senegal para roubar gado na tabanca de Singha, onde um deles foi ferido. Os outros membros do grupo de malfeitores tentaram resgatar o colega ferido, mas acabaram por abandoná-lo na berma da estrada numa aldeia entre a Guiné-Bissau e o Senegal chamada Faradjantó, onde foi encontrado pelas forças senegalesas na companhia do chefe tradicional da aldeia e foi levado para o Senegal, onde recebeu tratamento médico.
No dia seguinte, outro grupo de jovens guineenses executou um assalto à mão armada no Senegal.
“Aqui não passa uma ou duas semanas sem ouvir ou ver vítimas mortais do assalto na linha da fronteira. Os nossos jovens estão a perder vidas. Às vezes os restos mortais são encaminhados para o centro de saúde de Bigene e os familiares vêm buscar os corpos. Não sei o que é que os nossos jovens pensam, até ao ponto de abraçar essa má vida! Mesmo aqui dentro do setor de Bigene, quando um ladrão assalta uma casa, o melhor é ficar calado e quietinho, se não, ele atira mortalmente. Por isso, os senegaleses acham que todos os guineenses são gatunos. Há ladrões também no lado senegalês que colaboram com os nossos malfeitores”, sustenta Queba Camará.
Camará diz ser impossível um individuo ou grupo deslocar-se para um território alheio roubar dezenas de gado sem ter a colaboração de nativos do país onde o roubo é praticado.
Na última devolução de gado roubado, feito em Bigene pelas autoridades guineenses ao Estado do Senegal e que envolvia 20 vacas, no momento em que as forças de segurança interpelaram os gatunos, tanto o bando como o gado se dispersaram e perdeu-se o controlo de alguns. Foram recuperados apenas 13 bovinos que posteriormente foram devolvidos aos senegaleses, numa cerimónia realizada no setor de Bigene.
AUTORIDADES SENEGALESAS TÊM NOMES DOS GATUNOS GUINEENSES E SEUS COLABORADORES
De acordo com as informações, o jovem ferido no roubo de gado deixou um bom banco de dados às autoridades senegalesas relativamente aos grupos e nome de pessoas que saem da Guiné-Bissau para roubar no Senegal. Também deu nomes dos colaboradores que controlam as vias quando os gatunos entram com o gado roubado para o território guineense. Neste particular, a reportagem do jornal O Democrata soube que um jovem já foi detido pelas autoridades senegalesas, sendo ele um dos alegados colaboradores dos ladrões. A nossa fonte disse que o jovem tido como colaborador foi apanhado ao telefone numa zona isolada pelas forças de segurança senegalesas. Sobre o assunto, o jornal fez contatos sem sucesso para obter outras reações sobre a mesma matéria (o suposto jovem colaborador detido pelos senegaleses), por exemplo, as forças de segurança da Guiné-Bissau e da administração local remeteram-se a silêncio.
As populações da comunidade local desconhecem os nomes retidos pelas autoridades senegalesas, mas acreditam que os senegaleses estarão muito vigilantes em relação aos indivíduos apontados pelo jovem ferido na tabanca de Singha.
O líder tradicional do setor de Bigene aconselha os jovens a se afastarem das práticas que têm a ver com o roubo de gado, apelando aos governantes no sentido de trabalharem para criar emprego para a juventude guineense.
Por outro lado, Queba Camará diz que há muitos jovens que possuem pomares de cajueiros. Na sua visão, se estes jovens explorarem bem a colheita da castanha de caju, podem investir noutra atividade que gera rendimento e poderão garantir a sua sobrevivência, para não ficar totalmente dependente apenas da produção do caju.
“É muito triste ver um jovem morto por causa do roubo. Às vezes não consigo dormir por ter visto aqui ao lado no centro de saúde, quando trazem corpos de jovens mortos nos atos de roubo. Se estivesse presente, mesmo para as pessoas com poucas lágrimas, choraria pelos jovens mortos nestas circunstâncias”, lamenta Queba Camará. A título de exemplo, lembrou-se de um rapaz morto no roubo de gado numa das tabancas do setor de Bigene. O jovem era das aldeias do setor de Bissorã. Os familiares foram buscar o corpo em Bigene, mas não devolveram a maca com a qual transportavam os restos mortais.
AFABU AFIRMA QUE BIGENE ESTÁ TOTALMENTE ABANDONADA EM TERMOS DE SEGURANÇA
O presidente da Associação dos Filhos e Amigos de Bigene Unido (AFABU), Ibo Camará, diz, por sua vez, que o seu setor está aquém das expetativas em termos de segurança. Ou seja, ‘totalmente abandonada em termos de segurança’, acrescentando que Bigene tem graves problemas de roubo de gado.
Apontou a instabilidade “endémica” (na Guiné-Bissau) e a problemática de rebelião em Casamança (no Senegal), como sendo fatores que potenciam a insegurança. Na zona limítrofe existem casas construídas, parte no território senegalês e outra no lado guineense.
Camará diz que além do nível elevado do roubo de gado, o setor de Bigene tem outro problema relativamente à violação do território da Guiné-Bissau, acrescentando que os senegaleses desmatam dentro do espaço guineense a uma distância de mais de um quilometro e fazem suas plantações, uma situação que se regista há muitos anos, sublinhou. Mas com a valorização da castanha de caju o caso cresce ainda mais e sem uma solução à vista.
“Estamos totalmente desprotegidos em relação ao roubo de gado aqui em Bigene. Na verdade, são acontecimentos frequentes aqui ouvir situações de roubos de gado. Antes os ladroes praticavam as suas atividades sem armas de fogo. Se o dono do gado se apercebesse, ao dirigir-se ao ladrão, este fugia e soltava o animal. Agora não. Os larápios andam a luz do dia com as vacas roubadas, porque estão bem armados. As pessoas aqui estão com medo de criar bovinos por causa dos roubos frequentes e a mão armada”, lamentou Ibo Camará.
GUINÉ-BISSAU DEIXA SUA FRONTEIRA VULNERÁVEL AOS ROUBOS
Em relação aos roubos alegadamente praticados pelos senegaleses no território guineense, Ibo Camará disse que pode existir roubos e furtos da parte dos senegaleses dentro do país, mas confessou que até aqui só existem provas dos guineenses que roubam no Senegal, apontando o número elevado de devoluções de vacas roubadas já feitas no setor de Bigene pelas autoridades da Guiné-Bissau ao Estado senegalês. Sublinhou que a Guiné-Bissau abre as suas fronteiras ao roubo e furtos. Apontou o número reduzido ou insuficiente de agentes de defesa e segurança instalados na linha fronteiriça, como fracasso de tudo.
Na visão do presidente de AFABU, o crescente número de roubos a mão armada na zona fez com que muitos criadores de gado no setor de Bigene deixassem de praticar esta atividade para não serem mortos por gatunos. E dedicam-se todos na monocultora de caju.
“Isto porque ninguém vai cortar seus pomares de caju, alguns até podem vender suas vacas para investir todo dinheiro na criação de uma plantação de cajueiros. Recentemente a população senegalesa fez uma reivindicação onde exigiram ao seu Estado para tomar uma medida contra o Estado da Guiné-Bissau, porque os cidadãos senegaleses consideram que o Estado da Guiné-Bissau é que permitiu as ondas de roubo no território senegalês. Os manifestantes ameaçaram fazer uma desobediência civil e tomar medidas caso o Estado não assumir uma posição clara sobre o assunto. Para eles o Estado senegalês passa a pagar cada gado roubado na zona limítrofe”, explica Ibo Camará.
MUITOS GUINEENSES MORTOS NO SENEGAL EM 1986
Camará lembrou ainda o episódio de roubo nos anos 1980, onde foram mortos vários cidadãos guineenses no território senegalês. Os senegaleses tinham recorrido à identificação de uma dada etnia que entenderam que estava na base dos roubos.
Os populares informaram ao nosso repórter que todo o gado roubado no Senegal que atravessam o rio para o lado de Bissorã desaparece de vez.
Ibo lamenta a forma como os guineenses são encarados como sinónimos de roubo, apontando um caso que envolveu um jovem de Bigene, encontrado pelas forças senegalesas numa plantação de caju ao telefone quando vinha das compras no Senegal. Foi detido e levado para prisão no Senegal, mas depois de faltar provas aos senegaleses soltaram-no e voltou ao país. Exigiu ao Estado da Guiné-Bissau que assumisse as suas responsabilidades com o povo guineense.
Ibo Camará lembrou ainda que havia, na era colonial, quartéis no setor de Bigene com diferentes estruturas militares, assinalando que o poder colonial não tinha instalado aquartelamentos militares para todos os ramos militares em Bigene por acaso. Tinham um propósito e acredita que havia e ainda há hoje um grande motivo para isso.
O ativista apontou o número insuficiente de agentes das forças da defesa e segurança, que não têm bons equipamentos, não têm transporte, nem motivação e estão com falta de agentes qualificados. Na sua visão, tudo isso torna ainda aquela zona mais vulnerável em termos de segurança.
O Democrata soube ainda que em caso de um alerta de roubo de gado ou alguma situação que requer uma intervenção, as forças da defesa e segurança recorrem aos particulares para pedir emprestadas motorizadas e combustível que transportam três agentes para os lugares indicados.
A sede setorial não dispõe de um tribunal. Os casos judiciais são resolvidos no tribunal setorial, na seção de Ingoré que fica a 33 quilómetros de Bigene, numa estrada em péssimas condições. Se não for em Ingoré, os casos são levados a Bissorã que também é uma localidade de difícil acesso para os populares de Bigene.
Por: Sene Camará
Foto: SC
Maio de 2018 @ O Democrata
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