segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

«OPINIÃO» "A NECESSIDADE DE DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA GUINEENSE!" - MESTRE ALIU SOARES CASSAMA

Alguns países, habitualmente os menos avançados, limitam-se apenas a comercializar as matérias-primas de que dispõem no seu território. Já os paises mais avançados, se estiverem imbuídos de recursos naturais, a sua comercialização é feita maioritariamente após a transformação de tais recursos ou matérias-primas através de um processo tecnológico. E esta diferença é precisamente a génese da diferença da riqueza entre as nações.

Diversificação económica não só traz uma variada gama de produtos a serem produzidos como também a transformação de matérias-primas em diferentes derivados e novos produtos, trazendo assim um acréscimo no valor original de mercado da matéria-prima.

A Guiné-Bissau é um país com enormes recursos naturais e se nos basearmos na teoria da economia internacional de Hecker-Ohlin ’’a produção e o comércio internacional são realizados na base da dotação de recursos’’, a Guiné-Bissau deveria ser um pais comercialmente rico. No entanto, esta mesma teoria não leva em consideração a transformação de tais recursos para obtenção de valor acrescentado.

As consequências da não-diversificação da economia são visiveis e não se podem ocultar. Por mostrar relutância em diversificar a economia, os seguintes défices foram registados na economia guineense : Contenção das despesas públicas, problemas sérios de liquidez no mercado (quando termina a campanha de castanha de caju a massa monetária diminui no mercado, consequentemente existe pouca circulação de dinheiro e as empresas e as familias terão dificuldades em satisfazer as suas necessidades), investimentos inviabilizados por falta de verbas, falta de confiança no sector bancário e poder económico decrescente. A política de diversificação económica deve ser realizada com tenacidade e de lado deve ser posto o espalhafato da diversificação.

Que passos então devem ser dados para diversificar a economia Guineense ?

O primeiro passo a ser dado deverá ser em direção a substituir os bens e serviços importados que podem ser produzidos internamente.

O processo natural de desenvolvimento leva a que, à medida que o desenvolvimento segue o seu curso, o país comece a produzir pelo menos alguns dos bens e serviços que inicialmente importava.

Reduzir a dependência em relação à castanha de caju, expandir a oferta de emprego, assegurar a auto-sufciência alimentar, substituir as importações e melhorar o equilibrio das finanças públicas.

Apostar na Agricultura convencional não de subsistência (produção de milho, amendoim, arroz, batata-doce, etc…) são commodities que o país já produzia. Introdução de novas técnicas de lavoura, aumento de produtividade e de qualidade.

Apostar no Turismo. Segundo um estudo recente de um gabinete de consultoria Espanhol, hoje a maior parte dos contribuintes do mercado de turismo (mercados ocidentais) está à procura de zonas estaveis para fazer turismo. Estes turistas ja não vão aos paises da África do Magreb (Mauritânia, Argélia, Tunísia, Marrocos e Sahara Ocidental) nem ao Egipto, locais antes preferidos, devido à insegurança. 

Nós não temos o problema de insegurança no país não obstante a instabilidade política por isso, devemos aproveitar este momento e criar condições adequadas que promovam este sector que representa uma grande fonte de receitas.

Para estimular a actividade turística de maneira a que se traga mais turistas para o país, há necessidade de se flexibilizar o processo dos vistos e baixar os respectivos preços, de modo a não afuguentar os visitantes.

No sector industrial, sugeria que se criassem condições para a transformação dos produtos locais no país, bem como a comercialização destes produtos no mercado regional que é menos exigente.

Para todos estes projetos, o governo guineense deve estabelecer prioridades, pois a diversificação deve ser feita de forma programada, com estruturas e áreas bem definidas.

O incentivo ao sector privado (pequenas e médias empresas) não deve ficar de fora uma vez que ele é o parceiro priveligiado do governo, com vista a proporcionar empregos e desenvolver a economia guineense e que em minha opinião deve ser dominado pelos nacionais.

Essa aposta deve passar, necessariamente, pela formação, capacitação, estágios, etc. 

Recorda-se que a Guiné-Bissau é um país cuja economia depende da comercialização de castanha de caju, sendo por isso vulnerável às variações, positivas ou negativas, ocorridas no mercado mundial desta mercadoria.

Para a dependência da castanha de caju não ser uma constante, é necessário que se diversifique a economia, no sentido de torná-la mais rebusta e capaz de melhor resistir às crises. Uma participação de 99% da exportação de um só produto faz da Guiné-Bissau o país africano com maior concentração de exportação por produto, ainda superior à Nigéria e à Guiné-Equatorial, países exportadores de Petróleo.

A multiplicidade de sectores que contribuem para a formação do Produto Interno Bruto (PIB) só irá acontecer quando se investir fortemente na economia real, ou seja, nas cadeias produtivas, com o objectivo de produzir de forma rápida e integrada, bens alimentares básicos.

É imprescendivél que se saiba quanto é que a Guiné-Bissau deve investir no futuro e determinar o horizonte temporal para que se tenha uma estrutura económica menos dependente de castanha de caju e centrada numa economia diversificada.

Em África, a agricultura continua a ser um grande sector em muitas economias, o que representa cerca de 20% do PIB regional (em comparação com uma quota de 6% a nível mundial) e cerca de 65% do volume de emprego.

Desde já são importantes transformações estruturais que permitam no médio/longo prazo a emergência de sectores de actividade fora do caju. Os desafios passam por diversificar a estrutura produtiva, alargar a base de tributação, aumentar os níveis de emprego, melhorar a balança de transacções correntes e garantir o equilíbrio orçamental.

A diversificação da economia deve ser vista como o caminho para um desenvolvimento sustentado.

Mestre : Aliu Soares Cassama

Sem comentários:

Enviar um comentário