O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, deixou por uns dias o Palácio da Presidência para meter a "Mão na Lama" e ajudar a população de Calequisse, no setor de Canchungo, região de Cacheu, a aumentar a produção agrícola.
Vestido com calças de ganga, botins, t-shirt vermelha da seleção nacional de futebol da Guiné-Bissau e um chapéu de palha, o Presidente guineense é apenas mais um agricultor entre várias dezenas e no meio do campo só é possível de detetar através de alguns seguranças que o rodeiam.
No meio dos mais 150 hectares de terreno preparados para receber na sua maioria arroz, mas também tubérculos, o chefe de Estado guineense trabalha lado a lado com a população para "resolver o problema da autossuficiência alimentar, sobretudo a nível do arroz", afirmou em declarações aos jornalistas.
Na segunda-feira, foi dia de fazer a monda e arrancar as ervas que fazem mal ao arroz e não o deixam crescer. Alinhadas, dezenas de mulheres limpam o terreno, enquanto outros tantos homens tratam dos canais, que devem estar limpos e sem obstáculos para irrigar as plantações.
"O país gasta anualmente entre 45 a 50 milhões de dólares por ano e eu acho que esse dinheiro é muito dinheiro para o país, que podia perfeitamente resolver esse problema sem estar constantemente a importar o produto básico da alimentação do povo da Guiné-Bissau, que é o arroz", explicou.
Para José Mário Vaz, a agricultura deve ser utilizada para aumentar a produção de arroz, mas também para "relançar a economia, criar emprego e manter a população nas suas aldeias e nas suas zonas".
"A nossa determinação é mostrar que estamos verdadeiramente a meter a mão na lama", salientou.
A zona de Calequisse é o berço do projeto "Mão na Lama" e inclui 155 hectares de terreno, 50 dos quais já plantados com arroz.
"Aqui estamos com uma média de 4 a 5 toneladas por hectare e estamos a tentar fazer duas colheitas por ano e vamos criar as condições para começarmos a lavrar durante a época seca", explicou o Presidente.
Mas, Jomav (como é conhecido na Guiné-Bissau) tem uma ambição maior, que é reproduzir o projeto em 39 setores do país.
Para isso conta com a ajuda do Fundo da Arábia Saudita e também com 116 régulos guineenses, que segunda-feira foram conhecer o projeto.
Cada guineense consome cerca de 130 quilogramas de arroz por ano, o que significa um consumo anual total de 200.000 toneladas.
A Guiné-Bissau produz apenas cerca de 100.000 toneladas de arroz.
Conosaba/Lusa
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