O Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados com a crise na Guiné-Bissau anunciou hoje que não vai sair à rua no fim de semana, após a proibição do protesto pelo Governo, mas prometeu mais manifestações para a próxima semana.
"A manifestação (prevista para este fim-de-semana) não vai ter lugar, porque nos decidimos solidarizar com a Igreja Evangélica, que vai promover uma manifestação sábado", afirmou Lesmes Monteiro, um dos dirigentes daquele movimento.
Segundo Lesmes Monteiro, o Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados também está a "lutar pela paz e estabilidade na Guiné-Bissau".
"Achamos aquela iniciativa louvável por isso apelamos às pessoas que professam aquela religião para participarem na manifestação pela paz e estabilidade na Guiné-Bissau", afirmou.
O Governo guineense anunciou hoje em comunicado que não autoriza a realização das duas manifestações previstas para este fim de semana, justificando que podem colocar em "perigo a ordem e tranquilidade pública".
As manifestações dos movimentos Cidadão e Cidadãos Conscientes e Inconformados "coincidem temporalmente e geograficamente", o que pode "perigar a ordem e tranquilidade pública", referiu o Governo, em comunicado.
O movimento "Cidadão" tinha previsto realizar um protesto no sábado e o Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados outro no domingo.
No passado sábado, uma manifestação do Movimento dos Cidadãos Inconscientes e Inconformados culminou com confrontos com as forças de segurança, provocando ferimentos a dezenas de pessoas, entre os quais sete polícias.
Lesmes Monteiro garantiu que na próxima semana "haverá nova manifestação", principalmente depois dos incidentes ocorridos no protesto de sábado passado que culminou em confrontos com as forças de segurança, que provocaram dezenas de feridos, entre os quais sete polícias.
"É razão mais do que suficiente para continuarmos esta luta, porque queremos viver num país diferente, num Estado que respeite os direitos fundamentais dos cidadãos e as autoridades competentes não têm o direito, nem as prerrogativas constitucionais para impedir a manifestação", sublinhou.
Lesmes Monteiro disse também que o movimento não vai "acatar nenhuma ordem ilegal e inconstitucional, principalmente de um Governo ilegal, forjado fora do quadro normal da democracia".
Sobre as declarações proferidas pelo primeiro-ministro guineense, Umaro Sissoco Embaló, depois do seu regresso de Israel, Lesmes Monteiro afirmou que enquanto guineense sente "vergonha".
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, exortou esta semana a polícia a usar "qualquer método" para restaurar a dignidade do Estado e não permitir a anarquia no país.
De regresso ao país após uma viagem de trabalho a Israel, Sissoco Embaló referiu também que trouxe de Israel "gás lacrimogéneo" para a polícia "se defender melhor".
"Estamos a viver num Estado com um Governo que tem vários problemas neste momento, um Governo onde a educação não está a funcionar e é impensável que o primeiro-ministro viaje para Israel para pedir gás lacrimogéneo para utilizar contra os cidadãos do país", disse.
"Na próxima semana vamos estar na rua a exigir a renúncia do Presidente por demonstrar incapacidade na estabilização do país e erradicação desta crise por ele criada", garantiu.
Conosaba/Lusa
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