Foi criada, quinta-feira (19/01), uma comissão multidisciplinar para preparar um plano de assistência aos milhares de refugiados Gambianos que já entraram no país. A decisão surge no seguimento do pedido do governo da guineense ao sistema das Nações Unidas no país e aos principais parceiros internacionais
A comissão é composta, entre outros pelo ACNUR, Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Internacional para as Migrações (OIM), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Programa Alimentar Mundial (PAM), o Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, o Ministério do Interior e do Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Instituto Nacional de saúde (INASA).
A comissão é encarregue, desde já organizar a assistência alimentar e preparar um plano de emergência, coordenando a ajuda de todos os parceiros, para assistir até 10 mil pessoas, durante quatro a seis semanas, assim como fazer a triagem e avaliação de necessidades e continuar a monitorizar a situação.
“Se a situação política se complicar é possível que o afluxo de pessoas aumente, mas esta previsão já nos permite ajudar estas pessoas durante 4 semanas, depois o plano pode ser revisto, no entanto não é necessário esperar pelo plano para fornecer desde já ajuda alimentar a estas pessoas”, adverte o coordenador humanitário da ONU na Guiné -Bissau, Ayigan Kossi.
Segundo um comunicado nas Nações Unidas, a missão conjunta que estava no norte do país, no dia 18 de Janeiro, conclui que já entraram na Guiné-Bissau quatro mil e trezentos e vinte e sete (4327) nacionais da Gâmbia.
Desde o dia 15 corrente, o número de entradas registadas ronda as mil por dia.
Segundo a mesma nota a maioria dos refugiados são mulheres, adolescentes e crianças, que vêm sobretudo da região de Brikama, a sul de Banjul.
Até ao memento segundo a ACNUR os nacionais Gambianos estão a ser acolhidas por familiares ou amigos sobretudo na região de Bissau, Bafatá, Cacheu e Oio.
“Os principais pontos de entrada oficial na Guiné-Bissau são Djegue, Farim, Cambadjo, Senabaca e Pirada. No entanto há também pessoas a cruzar a fronteira entre o Senegal e a Guiné-Bissau em Ingoré, Bigene e Varela”, lê-se na nota da representação das Nações Unidas na Guiné-Bissau.
A missão, liderada pelo Coordenador humanitário da ONU na Guine Bissau, Ayigan Kossi, facilitada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e pelo Comité Nacional para os refugiados, verificou que as pessoas se encontram em grande risco de segurança alimentar, uma vez que as famílias de acolhimento não poderão sustentá-las por muito tempo.
“O afluxo de pessoas pode trazer também uma sobrecarga aos serviços de saúde que desde já são insuficientes para a população normal”, alerta a ONU que afirma ainda que face a esta situação, o Governo da Guiné-Bissau, através do Ministério do Interior, que está a registar as pessoas, e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, prepararam um plano de contingência solicitou ajuda aos parceiros.
Entretanto, a situação na Gâmbia está a agravar-se. Na quinta-feira (19/01), tropas africanas, composta por Senegal e outras quatro nações vizinhas, entraram na Gâmbia em apoio ao presidente eleito desse país, Adama Barrow, que tomou posse no Senegal e a intervenção acontece como parte de uma operação internacional para devolver a legalidade a Gâmbia, nas mãos de Jammeh desde 1994.
Horas após sua entrada no país, a força africana informou que suspendia suas operações a espera da mediação da Guiné-Conacri.
A mediação será tentada nesta sexta-feira, até o meio-dia, em Banjul, por intermédio do presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, informou Marcel de Souza, presidente da comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Marcel garante que se até o meio-dia Jammeh não aceitar sair da Gâmbia acompanhado pelo presidente Condé, então as tropas passarão à operação militar propriamente dita.
Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos/radiosolmansi com Conosaba do Porto
Imagem: Internet
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