Praia, 05 set (Lusa)- O ex-líder do PAICV e ex-primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, considerou hoje que a derrota autárquica "foi amarga" e reclamou um "debate aberto e franco" numa conferência nacional do partido.
José Maria Neves, que em março deixou o governo após 15 anos de maiorias absolutas, considerou ainda que a oposição cabo-verdiana saiu "grandemente enfraquecida" das eleições autárquicas de domingo e assinalou a hegemonia de poder do Movimento para a Democracia (MpD), que conquistou 19 das 22 câmaras e assembleias municipais cabo-verdianas.
Num texto publicado na sua página na rede social Facebook com o título "Os ovos, os cestos e a ética da responsabilidade", José Maria Neves assegura ainda respeitar "escrupulosamente" a decisão de os eleitores "colocarem todos os ovos no mesmo cesto".
"A oposição sai grandemente enfraquecida. A democracia sem uma oposição forte não floresce. Depois destas eleições, uma força política acaba por dominar todos os espaços estatais e municipais, constituindo-se num partido hegemónico. O momento exige por conseguinte serenidade e muita responsabilidade", afirmou José Maria Neves.
Relativamente aos resultados do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que passou de oito para duas câmaras, José Maria Neves, considerou que a derrota "foi amarga", mas sublinhou que não é "tempo para recriminações ou de autoflagelação".
A líder do PAICV, Janira Hopffer Almada, colocou domingo o lugar à disposição dos militantes após a segunda derrota eleitoral consecutiva.
"Tempo sim de debate, aberto e franco, em conferência nacional, antes de quaisquer outras disputas sobre o partido, as suas fraquezas e as suas fortalezas, visando o seu reforço enquanto principal força da oposição democrática e a sua capacitação institucional e política para vencer os enormes desafios que temos pela frente nos próximos anos", escreveu José Maria Neves.
Lusa/Conosaba
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