Caro leitor,
A direção da nossa revista confirma a
receção da sua carta de indignação à nossa forma de escrever as notícias e os
artigos de opinião. Agradecemos a confiança demonstrada ao dirigir-nos a sua
preocupação e ficamos muito gratos por saber que é um leitor assíduo das nossas
publicações. Sentimo-nos ainda gratos por ter partilhado connosco a sua
sabedoria e o seu conhecimento aprumado da língua portuguesa, a nossa língua oficial
e de trabalho.
Compreendemos a sua situação, porque analisámos
a sua carta com muita atenção e tomámos em conta todos os detalhes e
pressuposições. Contudo, nós temos a maldita sorte de ter o português como
língua não materna, mas mesmo assim amamos essa língua de Camões e não
gostamos, de forma nenhuma, de dar pontapés e nem tão pouco atropelar a sua gramática.
Reconhecemos que o último número da nossa
publicação não chegou com bom agrado aos nossos leitores, e o senhor é um
exemplo disso, reconhecemos que alguns textos continham erros ortográficos,
morfossintáticos e até o uso inadequado de determinados vocábulos. Portanto,
pedimos desculpa pelo transtorno que essa situação causou aos nossos leitores,
em geral, e a si, em particular, que nos dirigiu uma carta de indignação.
Apesar de tudo, gostávamos também de
reafirmar que temos muito orgulho de sermos guineenses e de termos o crioulo como
a nossa língua nacional, e de podermos, ainda, constituir um português de
variante guineense de acordo com a nossa vivência sociocultural, sem precisarmos
ser ou tentar ser o que não somos.
O crioulo e os seus termos fazem parte da
nossa cultura e ao expressarmo-nos em português, naturalmente que temos que
recorrer a esses termos que expressam o nosso quotidiano, a nossa vivência, e,
em alguns casos, esses termos não existem no português de Portugal, porque são
um aspeto cultural, algo nosso, que faz parte da nossa identidade nacional.
Entretanto, caro leitor, comprometemo-nos a
trabalhar da melhor forma possível para escusarmos de cometer erros que possam
incomodar os nossos leitores como ocorrido na nossa última publicação. Aproveitamos
também para assegurar que, no entanto, não vamos ceder a caprichos linguísticos
de um leitor que se autodenomina português de Portugal, aqui escreve-se
português sim, com um toque mulato, aliás "Deus fez o preto e o branco e o
português fez o mulato", por isso nós vamos escrever o português mulato. A
culpa não é nossa é de quem fez o mulato!
Espero que tenha compreendido a nossa
posição... E já agora, se nos permitir, terminávamos reafirmando que vamos
escrever tchon'almente, porque
sentimos a língua assim, culturalmente. E a língua e a cultura são duas faces
da mesma moeda.
Atenciosamente,
O Diretor da Revista Quotidiana dos
Guiguis
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