Primeira Parte
Sem mitos ou usurpação da verdade, estivemos todos na mesma trincheira, cada um a sua missão e a sua maneira, conforme a célula onde esteve inserido. Não se pode falar do movimento estudantil da Escola Técnica, Liceu, em Bissau, sem deixar de revelar o papel dos que escreveram a história politica urbana nacionalista no final da década 60.
Falar de Jorge da Costa "Ampa", Norberto de Carvalho "Cote", Manuel Coelho Mendonça "Nhomba", Afonso Té, Delfim da Silva,"Djumbo", José Carlos Schwarz, Júlio Herbert "Bicancas", Adalberto Afonseca, Francisco Fadul,"Labruna" Aristides Menezes, Eduardo Monteiro "Dade”, Luís Filipe Silva "Bigodi“, Juca Taborda, Bernardino Cardoso "Berona", João Alves Tavares "Djonsa de Có", Jacó, Ali, atual Secretário Nacional PAIGC, Aliu Bari, Raimundo Pereira, Helena Barbosa, Duco Castro Fernandes, Carlos Barros "Carbar", Dikson, Saido Só, Nelson Sá Nogueira,"Nuno di Kipa" em Bissau.
Em Portugal Filinto Barros, Mário Cabral, Beatriz Cabral, Ernesto Dabó, Carlos Schwarz “Pipito” Zona, atual Presidente de Cabo Verde, Faustino “Tilela , David Hopffer Almada, Alexandre Sampaio, Aguinaldo Embalo, Agnelo Regalla, Daniel Só e tantos outros que não comportariam aqui, sem contar com milhares de anónimos que fizeram tudo correndo todos os riscos sem se revelar e sem sair do anonimato e tantos outros que foram parar à Ilha de Carás, a estes os nossos irmãos combatentes os nossos sentidos homenagem...
É fundamental que se procure revelar a verdade das verdades da história politica versadas por conveniências pelo próprio PAIGC fora do quadro heurístico e independente da história científica.
Desembrulhar as verdades politizadas para proteger alguns senhores doentao.Com efeito, passar o testemunho num debate aberto com todos os contributos, objetivos com vista a alterar as inverdades ou verdades de conveniência que, ainda hoje, persistem as mentiras, sem esquecer que no mesmo teatro de guerra há sempre duas versões, é necessário aproximar-se das verdades da histórica.
Estivemos cada um com a sua missão, tanto os que estavam organizados em células 5 vezes 5 para a defesa da ação da PIDE ou possível traição interna, como era recorrente as pessoas serem compradas pela Pide-DGS e servirem de antena dentro da própria Célula.
Assim aconteceu dentro de COBIANA DJASS cujos alguns elementos de visível importância da organização eram e estavam ao serviço da PIDE-DGS fingindo da organização quando estavam ao serviço do duplo jogo.
O Papel de grande Importância, chamemos lhes de Martes camaradas Paulo de Jesus, Inácio de Carvalho, foram cruciais, dignos responsáveis da grande zona de Bissau e não só.
Nos finais dos anos 1960 precisamente 1967 para contrariar um programa de Rádio das Forças Armadas Guiné di Aos- Guiné Mindjor, produzida em crioulo, reproduzido em quase todas as línguas étnicas, sobretudo, pelos locutores de então muito bem-falantes onde passavam informações das batalhas travadas com ditos terroristas do PAIGC, bandidos, mortos sempre aos milhares numa completa deturpação dos valores que nortearam a essência da luta patriota de libertação nacional quando eram nacionalistas e patriotas.
O aumento do potencial da rádio de libertação nacional que passou a ser ouvido em todos os quadrantes da Guiné em 1968, apesar das interferências premeditadas da PIDE, mesmo assim, conseguia-se ouvir os programas, foi indubitavelmente outra importante alavanca na dinamização e de mobilização politica.
O despertar das consciências da massa juvenil nas Escolas Técnica e Liceu Honório Barreto, foi o grito de uma nova tomada de consciência da juventude que, vivia no labirinto da Caverna, desde logo, cada um agindo da sua forma, sempre com o único objetivo, protestar contra a presença estrangeira colonial na Guiné e africanização das mentes contrariando o portuguesismo.
Pertencendo a organização ou de forma independente por ligações familiares a chama da resistência estava viva e alastrante no Mundo juvenil, é a revolução cultural, africanização a todos os níveis.
Devo sublinhar que a chegada de jovens oficiais miliciano portugueses de esquerda que levaram as esposas, professoras, também de esquerda, tiveram um papel inolvidável nesta nova dinâmica de africanização da consciência nacional, movimentando informações, dicas ou indiretas no sentido em como a terra é vossa não é pertença de Portugal, por isso, esta guerra é injusta. Porem, a sub-reptícias sucessivas chegadas de panfletos do PAIGC com a Imagem de Amílcar Cabral em conferências Internacionais, espalhados na surdina nas salas de aulas, tanto na Escola Técnica como no Liceu, deu oportunidade aos que não tinham consciência da luta de libertação nacional a oportunidade de começar a questionar. Aqui Norberto de Carvalho e Manuel Coelho Mendonça "Nhomba tiveram uma participação ativa e de alto risco para dizer que mais tarde Norberto de Carvalho acabara na prisão.
Outro aspeto são os estudantes tanto da Escola técnica e de Liceu Honório Barreto que vinham à Portugal e regressavam de férias à Bissau totalmente de cabeça lavada nesta matéria, também, foram outros grandes impulsionadores desta consciencialização do nacionalismo guineense.
A massificação e africanização das consciências, ganharam a vitalidade, assim sendo, a PIDE teve que redobrar a sua vigilância, proliferando os seus agentes em todo o território nacional ou seja nas zonas não libertadas, uma vez que, uma parte do país estava sob controlo do PAIGC.
Paulo de Jesus, um marte ainda em vida, meu chefe, deu toda a sua vida pela causa da libertação nacional, meu chefe é uma referência de então, salvou-me das garras do chefe que fazia o duplo Jogo, afastou-me subtilmente.
Hoje agradeço de coração senão teria parado a prisão como Adalberto e Delfim e Cote os da célula de Rafael Barbosa. Este herói que ninguém reconhece o seu mérito, Paulo de Jesus, passou toda sua juventude entre saída e entrada na prisão da PIDE-DGS, era um desenhador de projetos (hoje chamado projetista) trabalhava nas Obras Públicas por algum tempo na Câmara Municipal Bissau na mesma área da profissão.
Foi um fiel patriota da causa da nossa luta de libertação nacional, julgo ter ido mais de 12 vezes a prisão da PIDE ao longo dos 11 anos da luta, sofrendo todas as torturas nas interrogações, manteve-se sempre fiel a si mesmo e ao Partido, um excelente e organizado homem de 5 vezes 5 nas Células de clandestinidade.
Inácio de Carvalho, pai de Celso de Carvalho do Ministério de Interior, um antigo funcionário do Banco Nacional Ultramarino, homem que passou ao longo dos anos da luta de libertação mais tempo dentro da prisão do que fora, conhecido como homem que nunca abria a boca nas interrogações, sofrendo todas torturas imaginárias sem denunciar o seu companheiro.
Nem o País, nem a Cidade Bissau, ainda tiveram a dignidade de o homenagearem O Paulo de Jesus e o falecido Inácio de Carvalho.
Rafael Barbosa, foi um grande mobilizador no início da luta,os principais dirigentes do Partido, foram a grande obra do Rafael Barbosa isso, ninguém lhe tira este mérito e homem de grande confiança de Amílcar Cabral, a quando da sua primeira prisão foi de imediato nomeado sob proposta de A. Cabral Presidente de Comité Central do PAIGC, a fim de internacionalizar a sua prisão por forma a evitar a sua morte, sem que, nunca estivesse nesse patamar.
Libertado da prisão pelo General Spínola, promete ao General ser tão português como o próprio Spínola. Amílcar, para acalmar os ânimos em Conacri, achou e disse aos camaradas que Rafael, fez esta afirmação apenas para o consumo, porque tinha plena confiança nele. Só com os infiltrados na luta, levou com que a direção do Partido reconhecesse o seu papel de duplo jogo. Entre PAIGC e PIDE DGS por Via do General Spínola.
Como exemplo, muitos que pertenciam a célula de Rafael Barbosa, preparadas as fugas para o mato, os mesmos tiveram sempre a surpresa no local combinado à encontrar camaradas para os levarem, a grande surpresa de encontrar agente da PIDE, essas saídas eram sempre feitas via Bambadinca como exemplos, caso Adalberto Afonseca e Delfim da Silva, acabaram presos, assim segue a história de traição com José Carlos, a sua prisão depois do caso Bomba na Marisqueira Ronda.
Por: Eduardo Monteiro
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