Kecói Queta (antigo Internacional Guineense)
Ser treinador
Requer conhecimento e requer experiência que ultrapassa carreira de um atleta. Um Excelente atleta, nem sempre terá garantia de ser capaz de criar climas de trabalho propícios para aprendizagem ou o treino.
A Experiência do atleta é importante mas, para ser treinador, para além da lógica do jogo e dos seus elementos, torna-se fundamental dominar a lógica pedagógica do ensino. A função do treinador implica a tomada de decisões, organizadas com base em indicadores e segundo critérios que obedecem a uma certa ordem e em diferentes domínios, como a organização do treino, liderança, estilo e formas de comunicação com jogadores, dirigentes, árbitros, jornalistas, etc. opções estratégicas e tácticas decorrentes da observação e análise de jogo, da gestão da pressões contidas na competição, do controlo da capacidade de concentração e emoções etc.
Além dos conhecimentos técnicos-tácticos e da possível capacidade de demostrar correctamente as técnicas, «Ser treinador» requer um conhecimento multidisciplinar e o desenvolvimento de um conjunto de habilidades próprias no âmbito das competências de ensino.
A profissão de treinador tem de ser exercida de modo estimulante para a autonomia futura dos atletas sob a sua responsabilidade, acreditando nas capacidades daqueles que fazem parte do seu grupo de trabalho e desenvolvendo-lhes competências.
Cada treinador deve actuar de acordo com as suas características e limitações, sem nunca esquecer a responsabilidade que lhe está atribuída quanto à formação social e emocional dos atletas com quem trabalha e à melhoria gradual destes, no âmbito dos conhecimentos relativos à modalidade a que se dedicam.
Os resultados provenientes de intervenção do treinador têm profundas reflexões sociais pela influência educativa (ou deseducativa!) que exercem nos jovens e nos adultos, quer sejam praticantes ou adeptos.
Logicamente não existem treinadores ideais, que sabem tudo e nada os perturba; o homem sem defeitos e comportamentos sociais e desportivas irrepreensivelmente modelar. Tais modelos não passam de produtos imaginários, criados e alimentados por enquadramentos sociodesportivos alienatórios da realidade.
O treinador ideal não existe mas sim uma série infindável deles, consoante as circunstâncias e respectivas necessidades de intervenção.
Ao treinador não basta ser um bom técnico e um profissional reconhecido, pois ao representar hoje um dos núcleos centrais da atenção da sociedade desportiva, tem de saber gerir a sua imagem relacionando-se de modo equilibrado com todos aqueles que o rodeiam em especial com os órgãos de informação.
Vai longe o tempo em que o treinador se podia definir pela expressão mais evidente de ser aquele que treina e prepara o rendimento desportivo dos atletas. Hoje, um pouco como acontece por todas as áreas de intervenção profissional numa sociedade selectiva e especializada, a figura do treinador pode ainda assumir a imagem romântica de um misto de pai e de professor, mas é sobretudo como quadro técnico especializado que a sua área de intervenção é decisiva.
Ser treinador subentende um constante interesse pela inovação científica, pedagógica e cultural e a recusa permanente de atitudes seguidistas ou subservientes.
O treinador exige uma cultura geral e específica, possíbilitadora das necessárias intervenções críticas, com reflexos no desejado desenvolvimento do desporto nacional.
Obs: Próximo Artigo ser Dirigente.
Lisboa, 06-07-2015
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