Bissau, 27 Mar 15 (ANG) - O jornalista e comentador político Muniro Conté qualificou o Plano Estratégico Operacional apresentado na Mesa Redonda em Bruxelas pelo executivo e que seduziu os doadores marcou a rotura com o modelo de eventos iguais em que o país anfitrião limitava-se apenas a fazer um enunciado ou um check-list das suas necessidades.
Comentando sobre os resultados do encontro com os parceiros na capital Europeia e que redundou num franco sucesso, disse que o Plano Estratégico Operacional apresentado pela equipa de Domingos Simões pereira é um documento inspirado e com uma base que enfatiza a necessidade de por fim ao ciclo vicioso e dar lugar um virtuoso.
"Isso demonstra uma ambição ´Terra Ranka´ e acalenta uma esperança ´Sol Na Iardi´, dando expressão máxima ao brilho da luz, após uma longa travessia no deserto", afirma o jornalista.
Muniro Conté sublinhou que o quinquénio 2015 a 2020 é o horizonte a atingir, mas, lembrou, 2025 constitui uma espécie de meta mais avançada nas aspirações do país.
"O Plano Estratégico Operacional é, pois, uma proposta, fundada em bases concretas e realistas, que vão ao encontro das exigências do país a emergir da crise. Foi baseada numa metodologia participada e inclusiva, contando com a contribuição de diferentes franjas da sociedade guineense", explicou o também Director-Geral da Radiodifusão Nacional.
A estrutura do Plano, de acordo com Conté, assenta-se em quatro eixos fundamentais, nomeadamente a Paz e Boa Governação, Infra-estruturas e Desenvolvimento Urbano, Desenvolvimento Humano, Biodiversidade, e Ambiente de Negócios.
Muniro Conté afirmou que a parte discricionária do Plano reflecte uma abordagem integrada, com alguns dos sectores chaves a serem reagrupados no mesmo eixo.
"Assim, por exemplo, sectores como saúde, educação, juventude, cultura e protecção social fazem parte do mesmo pacote do Desenvolvimento Humano enquanto as infra-estruturas, energia e industria e tecnologia estão reagrupadas num mesmo eixo, ou seja, as Infra-estruturas e o Desenvolvimento Urbano", esclareceu.
Segundo o jornalista, o documento que o Governo apresentou aos doadores na Mesa Redonda de Bruxelas, idealiza uma Guiné Melhor, projectando progressos em diversas áreas. Por exemplo, no sector das infra-estruturas o Plano prevê a construção de um Porto em Pikil, Região de Biombo, e em Bissau, e a construção de um aeroporto em Bubaque.
Na área Agro-indústria, o grande projecto é a garantia da auto-suficiência do país em arroz e o aumento, para quatro vezes mais, da transformação e exportação de castanha de caju.
No sector turístico, o documento prevê a criação de uma zona especial de turismo nas ilhas Bijagós, que irá atrair 20 mil turistas e absorver mais empregos no sector da gastronomia e afins.
O Plano, na visão de Muniro Conté, conta com uma vantagem, por ser decisiva não só do ponto de vista das promessas mas, acima de tudo, poderá relançar economicamente a Guiné-Bissau, através do desembolso dos fundos.
Com o beneplácito dos principais órgãos de soberania, apropriação de todos os quadrantes da sociedade guineense e apadrinhado pela Comunidade Internacional, a sua materialização dependerá de factores como capacidade negocial do Governo no pós Mesa Redonda para assegurar a celeridade no desbloqueamento dos fundos.
Para isso, argumentou, é necessário cristalizar os níveis de estabilidade que se revela muito bom actualmente e a Boa Governação.
Na sua óptica, esta constitui a Mesa Redonda com melhores pré-requisitos de sempre, evocando como razão para isso a existência de um Governo de Legislatura, apoiado pelo Presidente da República, Parlamento e a Sociedade Civil, além de votos de confiança vindo do Bureau Político do PAIGC, principal partido que suporta o executivo.
A somar a esses elementos, uma nota positiva do Fundo Monetário Internacional no controlo das receitas e referências positivas da Amnistia Internacional no que se refere ao respeito dos Direitos Humanos na Guiné-Bissau são, talvez, os dados mais importantes.
"O forte apoio da Comunidade Internacional, sobretudo da União Europeia, o principal parceiro da Guiné-Bissau na ajuda ao Orçamento Geral do Estado e outros projectos sociais de desenvolvimento, foram outros factores determinantes", concluiu Conté.
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