Bernardo Campos, presidente da empresa Bauxite Angola
Angola pretende investir o equivalente a mais 385 milhões de euros na exploração dos principais minérios existentes no subsolo da Guiné-Bissau. Os governantes em Bissau apostam em Angola para ajudar na retoma económica.
A cooperação entre Luanda e Bissau ganhou um maior impulso com a tomada de posse das novas autoridades políticas guineenses. O que se aplica em especial à implantação de alguns aspectos do intercâmbio econômico no setor mineiro. É o caso da exploração de bauxite, um dos principais minérios existentes no subsolo da Guiné-Bissau.
Em entrevista à DW África Bernardo Campos, presidente da empresa Bauxite Angola, afirma que apenas se solicita às novas autoridades guineenses a garantia da estabilidade político-militar. A redução das atividades acrescentou: “Tem apenas a ver com a estabilidade que não havia. Agora sim, desenha-se um quadro de estabilidade política”. Como disse ainda Bernardo Campos, só numa situação de estabilidade política “é possível fazer investimentos de grande monta”.
Empreendimentos para servir toda a região
A empresa Bauxite Angola planeia investir na Guiné-Bissau o equivalente a mais de 385 milhões de euros no relançamento da exploração das minas de bauxite de Madina de Boé, região de Gabu, no leste do país. Bernardo Campos especifica: “Os investimentos que nós devemos fazer para o porto, caminhos de ferro, estradas e até a própria mina, poderão ser até superiores a esta cifra”.
O investidor angolano acrescenta: “Estamos a falar de investimentos intensivos que poderão alavancar a economia nacional”. Assim, por exemplo, o porto não deverá ser apenas mineiro, mas ter também um terminal comercial “para atender ás necessidades de outros países, como o Mali, um país sem saída para o mar, e também permitir a viabilidade dos projetos mineiros das proximidades” E o responsável remata: “Trata-se de empreendimentos de dimensão regional”.
Relações bilaterais remendadas
A empresa suspendeu os trabalhos devido ao golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, que depôs o Governo do então primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. No entanto, segundo os responsáveis, os trabalhos no terreno nunca pararam, não obstante os problemas político-militares entre os dois países. Estes culminaram na suspensão de todos os apoios que Luanda vinha dando a Guiné-Bissau, nomeadamente na reabilitação das casernas militares, processo de reforma e modernização das Forças Armadas, fortalecimento das instituições do Estado e formação dos agentes das forças policiais.
Por seu turno, Daniel Gomes, Ministro dos Recursos Naturais, disse que até finais de Dezembro o país terá todos os estudos necessários feitos para passar à prática no que toca a cooperação com Angola: “Os nossos irmãos angolanos mostraram a disponibilidade, de fato, de cumprirem desta vez, e nós vamos agora e posteriormente apresentar os estudos de rentabilidade económica e impacto ambiental, para passarmos à ação. É o desejo do Governo que isso aconteça durante esta legislatura”.
Exigência de transparência dos investimentos angolanos
O ministro Daniel Gomes realça que os acordos foram fechados num “período recorde”, ilustrando a vontade das duas partes em prosseguir. Mas, desta vez, espera-se que tudo seja bem clarificado desde o início, para não criar mais desentendimentos entre os dois países. Por isso, o ministro Daniel Gomes quer uma maior transparência da parte angolana no processo: “Estaremos atentos e aconselharemos as partes para que não haja falhas, porque, de fato, o país precisa sair da situação econômica em que se encontra. Neste quadro, Angola constitui um parceiro estratégico, mas queremos que as coisas fiquem bem clarificadas”.
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