O padre Casimiro Congo, uma figura emblemática de Cabinda e opositor ao regime de Luanda, diz que forças de segurança cercaram a sua casa. UNITA está preocupada com crescimento de atos de intolerância política no Huambo.
Em Cabinda, o padre Casimiro Congo, afastado em 2011 do exercício clerical da Igreja Católica, queixa-se de estar a ser perseguido pelos serviços secretos e pelo comando provincial da Polícia Nacional.
À DW África, Casimiro Congo denunciou que, este domingo (10.08), por volta das quatro horas da manhã, a sua casa esteve cercada por cerca de 45 militares fortemente armados, sob a direção do comandante da polícia local, Cristo Liberal, e do responsável local dos serviços secretos. As forças de segurança terão intimidado as pessoas que entravam e saíam da sua residência.
Um grupo de oração tem-se reunido todas as manhãs em casa do padre Congo, depois das autoridades terem fechado no mês passado uma Igreja ligada a si, denominada "Igreja Católica das Américas".
"Aqui em Cabinda, o que não está sob a cobertura do Governo, habitualmente, não consegue subsistir. Há pessoas que, cá em Cabinda, constituem um problema para o Governo. Eu sou uma delas", afirma o padre Casimiro Congo. "Não sei por que razão o regime angolano não compreende que não é hostilizando as pessoas que se resolve o problema de Cabinda."
"Não sou delinquente"
Para proteger a sua integridade física e a da sua família, nas primeiras horas desta segunda-feira, o padre Congo deslocou-se à Procuradoria-Geral da República em Cabinda para dar conhecimento da ocorrência.
Casimiro Congo anunciou que vai intentar uma ação judicial contra os responsáveis da polícia e dos serviços de inteligência: "Eles não me podem tratar como um delinquente, porque eu não sou delinquente", diz.
Todos os esforços efetuados para ouvir o comando provincial de Cabinda da Polícia Nacional não foram bem sucedidos.
Líder parlamentar da UNITA, Raúl Danda
UNITA também denuncia intimidação política
Este caso surge depois de deputados da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) visitarem a província central do Huambo para averiguar o "crescimento dos atos de intimidação e intolerância política" naquela região.
Na ocasião, Raúl Danda, chefe da bancada parlamentar do maior partido da oposição, falou também da situação em Cabinda. Danda denunciou a existência de perseguição política e a violação dos direitos humanos na província, afirmando mesmo que há, neste momento, uma forte presença militar nas áreas do Lika, Luango e noutras zonas centrais do enclave, que já terá levado à detenção ilegal de vários cabindas.
"Porque terá havido algumas ações – não se sabe se foram da autoria da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) ou se foram simuladas. Mas estão a prender pessoas lá. Há pessoas que morrem em Cabinda. É preciso acabar com isto", afirmou Raúl Danda.
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