Por forma travar a alta taxa de adolescentes grávidas e evitar a propagação do HIV/SIDA nas escolas sul-africanas o governo está a pensar distribuir gratuitamente preservativos nos estabelecimentos de ensino.
Na África do Sul, os Ministérios da Educação e da Saúde querem distribuir preservativos nas escolas, numa tentativa de conter o elevado número de estudantes grávidas, doenças sexualmente transmissíveis e HIV/SIDA.
Pais, professores e organizações religiosas estão actualmente a ser consultados sobre o assunto. Tendo em conta a alta taxa de adolescentes grávidas, os preservativos podem vir a tornar-se parte do dia a dia nas escolas do país já no próximo ano.
Gravidez na adolescência tornou-se comum na África do Sul
Numa Escola Secundária de Mountview, na cidade de Verulam, na província sul-africana de KwaZulu-Natal, tal como em muitas outras por todo o país, a gravidez na adolescência já não é algo incomum. Na maioria dos casos, as jovens mães voltam à escola para completar os estudos, mas há também muitas que não o fazem. Perdem a oportunidade de continuar a estudar ou até de encontrar bons empregos.
Para combater o abandono escolar entre as raparigas, o Governo quer distribuir preservativos nas escolas do país. A ideia é conter os números elevados de adolescentes grávidas, de doenças sexualmente transmissíveis e de HIV/SIDA.
Portia Maphumulu, estudante de 17 anos, não está muito convencida de que a disponibilização de preservativos terá os efeitos desejados. Mas considera que os jovens devem decidir por si próprios se querem ou não usar preservativos.
Segundo ela, "muitos casos de adolescentes grávidas aqui em Mountview e em Verulam são conhecidos. Mas acho que tem tudo a ver com a forma como os jovens pensam e como estão a ser ensinados em casa e na escola. Essa oportunidade tem de ser dada a todos nós. Alguns irão usá-los, mas penso que nem todos lhes darão o uso correcto", afirma para em seguida concluir que "acho que não vai funcionar da forma como os Ministérios da Educação e da Saúde planearam.”
Muitos professores estão preocupados com as consequências que a distribuição de preservativos nas escolas poderá ter. E dizem que também eles deverão estar envolvidos neste processo. Thokozane Nhleko é professor de tecnologia mecânica:
“Este assunto está a levantar uma preocupação muito séria, porque algumas crianças não estão muito conscientes do que pode estar a acontecer ou podem não ser sexualmente ativas. E isso poderá fazer com que elas queiram experimentar e talvez até ver como funcionam os preservativos.”
"Os pais devem aceitar a distribuição de preservativos"
Gloria Masuku, de 35 anos, foi mãe quando era apenas uma adolescente. E a sua própria filha também engravidou quando tinha 17 anos. Tal como uma sobrinha de 18 anos, ainda em idade escolar.
Gloria Masuku considera que os pais têm de aceitar que os preservativos podem ajudar a baixar as taxas de gravidez na adolescência: “Nós, os pais, estamos deprimidos ou preocupados com isso porque falamos sobre o tema com os nossos filhos. Quando vemos as nossas filhas a engravidar, não significa que não falamos com elas". Segundo Masuku esse é o método certo, porque "nos dias que correm os jovens fazem coisas sem saber e engravidam cedo.”
Mas nem todos os pais aprovam a distribuição de preservativos nas escolas. Muitos dizem que os jovens vão preferir ter relações sexuais em vez de se concentrarem nos estudos.
A LoveLife é uma organização que luta contra o HIV/SIDA na África do Sul há já 20 anos. Sobre a introdução de preservativos nas escolas, Belinda Bronkhorst, que lidera a ONG, responde que o mais importante é a segurança das crianças. "A Lovelife não está aqui para julgar valores morais. Não queremos impor qualquer tipo de valores morais. Só queremos garantir a segurança das crianças. E uma das maneiras de impedir a gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis e propagação de outras doenças, como o HIV , seria a distribuição de preservativos.”
DW
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