Os Estados Unidos tiveram um plano para apoiar António de Spínola, do movimento anticomunista MDLP, durante o período revolucionário de 1975, mas foi "chumbado" pela CIA, que foi mantendo "algum tipo de contacto" com o general.
A revelação é feita em documentos do Departamento de Estado até agora considerados "secretos" e publicados no volume do departamento histórico do Departamento de Estado sobre a política externa norte-americana, referente aos anos de 1969-1977 (Foreign Relations of the United States -- Volume E-15, part II).
O embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Frank Carlucci, era contra qualquer apoio norte-americano ao general do monóculo, que fugiu de Portugal após a tentativa falhada de golpe de Estado de 11 de março de 1975, e é isso mesmo que diz a Henry Kissinger numa reunião em Washington em 12 de Agosto de 1975, no Departamento de Estado.
A secreta norte-americana não estaria, porém, inocente nos contactos com Spínola, dado que Carlucci recorda, nesse encontro, que viu um relatório da CIA que "indicava algum tipo de contacto", o que o lhe causa "alguma preocupação".
A avaliar pelos documentos agora divulgados pelo Departamento de Estado, passados os quase 40 anos de classificação, a proposta de apoio a Spínola circulou entre vários membros do Comité dos 40, um organismo chefiado por Kissinger para supervisionar operações clandestinas e que incluía os serviços secretos, a CIA, mas não avançou, de acordo com um documento secreto, datado de 30 de julho de 1975.
O documento teve a oposição do Departamento de Estado e da CIA, obtendo apenas o voto favorável do chefe de estado conjunto das forças armadas norte-americanas, general George Brown. Para o Departamento de Estado, Spínola "estava descreditado e 1/8 com ele 3/8 não há perspetivas de sucesso" para os objetivos dos EUA.
Durante o seu exílio após a tentativa falhada de golpe do 11 de março de 1975, António de Spínola fundou o Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP), tentou apoios em França e no Brasil para um movimento militar e popular para derrubar o Governo liderado por Vasco Gonçalves e apoiado pelo PCP.
Lusa
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