Países como Angola, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné Bissau são atingidos por fenômenos da pirataria, do tráfico de pessoas e drogas e pela poluição ambiental, numa região onde os números já são mais preocupantes que os dos mares da Somália. Portugal e a CPLP apostam na prevenção.
Na Conferência Internacional sobre a Segurança no golfo da Guiné participam, durante todo esta sexta-feira, representantes de organizações internacionais, investigadores e especialistas em segurança marítima.
O encontro é promovido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português, que considera prioritária uma solução para os problemas naquela região e que vão da pirataria aos tráficos, quer de droga, quer de seres humanos.
Rui Machete tem abordado o tema nas reuniões bilaterais com homólogos africanos, mas também com outros representantes internacionais e com os parceiros europeus.
Nos últimos anos, a África ocidental tem assistido a uma intensificação crescente dos conflitos e das tensões regionais, no Sahel e no Golfo da Guiné, e surgiram em força as redes terroristas e a pirataria, fenômenos que, lembra o ministro português, exigem respostas concertadas para assegurar a estabilidade estratégica dos estados e para conter novas linhas de fratura no continente africano. Em declarações à RDP África, Rui Machete explica que reuniões como a de hoje são essenciais para que comecem a existir ações conjuntas, que travem a insegurança no Golfo da Guiné.
A fragilidade do golfo da Guiné facilita, por exemplo, o tráfico de cocaína proveniente da América Latina e com destino à Europa. A segurança de Cabo Verde, de São Tomé e Príncipe e da Guiné-Bissau - três países da CPLP - é inseparável do quadro regional de segurança. Já Angola, quer pela sua posição como potência africana, quer pelos interesses como produtor de energia, é um parceiro empenhado na garantia da estabilidade estratégica do Golfo da Guiné. O Brigadeiro Manuel Correia de Barros - do Centro de estudos Estratégicos de Angola, explicou os fenômenos que têm atingido a África Ocidental e Austral e que vão da pirataria e do roubo de petróleo, ao despejo de resíduos tóxicos e ao tráfico de armas.
Um dos principais interessados nesta questão da segurança, ou a falta dela, no Golfo da Guiné é, naturalmente, a Nigéria. A embaixadora Florentine Adenike Ukonga explicou à RDP África, o que tem sido feito, a nível regional, quer na Comissão do Golfo quer na CEDEAO, para tentar conter os piratas, os traficantes e os terroristas. No entanto, lamentou a falta de apoio financeiro para resolver, por exemplo, consequências como a da poluição ambiental.
A conferência, com quatro painéis, debate os problemas de segurança, os impactos na dimensão energética, que abrangem ainda fenómenos como a poluição provocada por derrames forçados e as dimensões internacionais da segurança africana. Entre os participantes, está o chefe de Estado-Maior da Armada do Brasil - almirante Carlos Augusto de Sousa e representantes de organizações como o Serviço Europeu de Ação Externa e o Africom - a força americana que opera em África. Ausente, por questões de saúde, está o ex-Presidente de Cabo Verde - Pedro Pires.
RDP
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