quinta-feira, 31 de julho de 2014

AMERICA LATINA ENDURECE POSIÇÃO CONTRA OPERAÇÃO DE ISRAEL EM GAZA

Durante a 46ª cúpula do Mercosul, os presidentes dos países do bloco expressaram sua posição contra os ataques de Israel à população palestina e exigiram um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Roberto Stuckert Filho/PR

RFI

Enquanto os Estados Unidos continuam vendendo munições ao exército israelense e autoridades europeias tentam relativizar a sangrenta operação Limite Protetor com inócuos pedidos de cessar-fogo em Gaza, países da América Latina figuram como os maiores críticos do governo de Israel até o momento. Hoje (31), a Bolívia foi além dos protestos e incluiu Israel na lista de "estados terroristas". 

A Bolívia, que rompeu suas relações diplomáticas com Israel em 2009, após a violenta operação “Chumbo Fundido”, já havia feito um pedido à ONU para que abrisse um processo contra Tel Aviv de crime contra humanidade, logo nos primeiros dias da atual ofensiva. Ontem, o presidente boliviano, Evo Morales, declarou que incluiu Israel na lista de "países terroristas". 

“Israel não é um Estado que garante os princípios de respeito à vida e os direitos básicos para a coexistência pacífica e harmoniosa na comunidade internacional”, afirmou Morales. “Nós declaramos Israel como um Estado terrorista”, ratificou. 

Outros países reagiram à continuidade das violências contra os civis em Gaza nos últimos dias. O Chile classificou as operações militares israelenses como uma “agressão coletiva contra a população” da região. Já o Peru diz estar profundamente decepcionado com a violação dos vários cessar-fogos dos últimos dias e a continuidade da operação militar de Israel em Gaza. 

Na terça-feira (29), durante uma reunião privada da 46ª cúpula do Mercosul, na Venezuela, os integrantes do bloco divulgaram um comunicado contra os ataques à população palestina e exigiram um cessar-fogo. Além do presidente venezuelano Nicolás Maduro, assinaram a declaração os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, do Brasil, Dilma Rousseff, do Uruguai, José Mujica, do Paraguai, Horacio Cartes, e da Bolívia, Evo Morales. 


Brasil critica Israel 

Na semana passada, o governo brasileiro condenou "energicamente" o uso desproporcional da força de Israel na Faixa de Gaza, "do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças". Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil também reiterou seu chamado a um imediato a uma trégua. Além disso, Brasília convocou seu embaixador em Tel Aviv para consultas. 

O porta-voz do governo de Israel, Yigal Palmor, ironizou a posição brasileira. "Desproporcional é perder uma partida de futebol por 7 a 1", disse, em entrevista ao Jornal Nacional. Já em declaração ao The Jerusalem Post, Palmor, afirmou que a convocação do embaixador brasileiro em Israel "era uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático". 

As declarações do governo israelense contra o Brasil não intimidaram outros países da América Latina, como Equador, Chile, Peru e El Salvador que convocaram igualmente seus embaixadores em Tel Aviv para consultas. 

Desde o início da operação 

A reação dos países latinos não é tardia. Desde o começo da ofensiva israelense contra o movimento islâmico Hamas em Gaza, vários países do continente americano já haviam se posicionado contra o governo de Israel. Uma semana após o início dos ataques, o ministério mexicano das Relações Exteriores pediu a proteção dos palestinos e condenou o uso da força e a operação militar. 

Há três semanas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou a ofensiva de "guerra de exterminação" contra o povo palestino. Já em Cuba as autoridades pediram que "a comunidade internacional exija que Israel cesse a escalada de violência". Ambos os países também romperam as relações com Tel Aviv em 2009

Logo nos primeiros dias da operação Limite Protetor, o ministério das Relações Exteriores do Uruguai condenou a "resposta desproporcional" dos israelenses aos tiros lançados pelos palestinos. Em meados de julho, o Equador "condenou com energia todos os atos de violência" na região e pediu "o fim imediato das hostilidades". 

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