Rui Costa Reis - dono das papas Kianda - oferece €44 milhões pelas 85 obras do catalão. Estado português ainda não respondeu
O empresário angolano Rui Costa Reis propôs ao Governo português a compra das 85 obras de Miró que estão na posse do Estado por 44 milhões de euros.
A proposta inclui a condição de a coleção do artista catalão ficar durante 50 anos em exposição na cidade do Porto. A proposta de Rui Costa Reis está nas mãos do Governo mas ainda não terá sido dada qualquer resposta pelo primeiro-ministro. Se nenhum outro caminho for escolhido, as obras que pertenciam ao BPN devem ser vendidas em Junho num novo leilão da leiloeira britânica Christie’s.
O dono da marca de farinhas Kianda, de um estúdio de cinema em Hollywood - RCR Productions, e patrocinador da Trienal de Luanda, terá colocado como única condição a exposição das obras na cidade portuguesa onde tem as suas origens, apesar de ter ido com poucos meses para o Kwanza Sul e viver em Los Angeles, nos Estados Unidos, a maior parte do tempo. O gabinete do primeiro-ministro manteve a resposta de que as obras vão passar sempre pelo leilão da Christie’s.
Na semana passada, a deputada socialista Gabriela Canavilhas tinha avançado que o PS teria conhecimento de "uma solução em cima da mesa do primeiro-ministro" para evitar a venda das obras de Joan Miró. Durante uma intervenção no plenário da Assembleia da República, quando os partidos fizeram intervenções sobre a petição pública que defende a manutenção das 85 obras em Portugal, a ex-ministra da Cultura disse que "há soluções em curso, que passam por políticos e empresários", que podem evitar a venda. As declarações de Canavilhas foram feitas na mesma semana em que o Parlamento chumbou, pela maioria PDS/CDS-PP, um requerimento apresentado pelo Grupo Parlamentar do PS para visitar o depósito das obras do artista Joan Miró que o Estado pretende vender. A deputada socialista Inês Medeiros pede ao governo para estudar as propostas que permitem manter as obras no país.
O leilão das obras, actualmente detidas pela Parvalorem – sociedade anónima de capitais públicos, criada em 2010 pelo Estado para gerir os activos e recuperar créditos do universo do BPN – foi cancelado em Fevereiro pela Christie´s, que não considerou a venda legalmente segura, tendo entretanto anunciado novo leilão para Junho. Os 85 quadros de Miró do antigo BPN, que tinham um valor base de licitação de 36 milhões de euros, voltaram para Lisboa no final de Fevereiro e estão agora num cofre-forte da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa. As 85 obras do artista catalão ficaram envoltas em polémica desde que se tornou pública, no final de 2013, a intenção de venda, pelo Estado, a que se sucedeu o lançamento de uma petição pública, assinada por mais de dez mil pessoas, defendendo a manutenção dos quadros no país.
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