segunda-feira, 3 de março de 2014

"NÃO HÁ RISCO DE CONFLITO PÓS-ELEITORAL NA GUINÉ-BISSAU", DEFENDEU ONTEM (1 DE MARÇO) O HISTORIADOR GUINEENSE JULIÃO SOARES SOUSA, NUMA CONFERÊNCIA ORGANIZADA PELO FÓRUM DA DIÁSPORA PARA O DIÁLOGO E O DESENVOLVIMENTO DA GUINÉ-BISSAU.

Falando para uma sala que teve de ser ampliada para acomodar cerca de 100 pessoas, constituída na sua esmagadora maioria por guineenses, Julião Soares Sousa, descartou a possibilidade de um conflito pós-eleitoral na Guiné-Bissau. Alertou, no entanto, para um cenário diferente caso o partido vencedor das legislativas e o candidato vencedor das presidenciais não for o candidato escolhido pelo partido vencedor das legislativas ou ser de uma cor política diferente. Num cenário destes haveria problemas de coabitação. “Por evitar isso os partidos devem apostar no candidato que tenha condições objectivas e subjectivas para ser o próximo inquilino do palácio Cor-de-Rosa, isto é, de ganhar as eleições e sobretudo no candidato que acarreta menores riscos em caso de uma futura coabitação”, afirmou Julião Soares Sousa. “A escolha de candidatos dentro dos partidos acaba sempre por gerar ódios (in)compreensíveis dado o grande número de pré candidatos”, rematou o historiador.  Neste sentido, assinalou ainda que estas eleições estão a ser encaradas por alguns sectores da vida política guineense como se fossem as últimas, ou como eleições do tudo ou nada. Outro cenário que o historiador guineense traçou é o da eventualidade de nenhum partido concorrente alcançar a maioria absoluta para a formação de um novo governo, o que provocaria “intensas e difíceis negociações político-partidárias”. Mas, quer o cenário da coabitação quer o da não existência de uma maioria absoluta, “são problemas que o país já experimentou no passado recente. Poderão afectar o país por contágio, sem dúvida, mas tudo isso faz parte do jogo político-partidário que as lideranças políticas deverão estar adestradas a resolver com empenho, vontade política e habilidade e sem que isso venha a degenerar em violência”. O importante, prosseguiu Julião Soares Sousa, “é que se privilegie sempre o bom senso e o diálogo político e que se ponha o interesse nacional acima dos interesses pessoais e político-partidários”. “Esta é a melhor prevenção para qualquer conflito”, disse o historiador guineense. Soares Sousa acha ainda que o nível das lideranças políticas aumentou muito e que isso permite-lhe ser optimista quanto ao futuro da Guiné-Bissau. “Alguns deles são quadros de grande valor, que muito ajudarão a prestigiar e a criar uma boa imagem da Guiné-Bissau no exterior, prosseguiu Julião Soares Sousa. A pobreza, a exclusão social e a criação de uma boa imagem no exterior deverão ser ainda encarados como os grandes desafios dos próximos governos. Por isso, as eleições “não são sinónimo de estabilidade” alertou. Propôs ainda a realização de uma grande Conferência Nacional para a Paz e Reconciliação Nacional, antes da tomada de posse das novas autoridades, terminando com a assinatura de um Pacto de Regime com carácter permanente por parte de todos os actores políticos guineenses e com a criação de um Conselho Nacional para a Paz e Reconciliação Nacional (CNPRN) que seria um organismo que geriria doravante todas as questões relacionadas com a prevenção, gestão e resoluções de conflitos. Na mesa da conferência que teve lugar nas instalações do Hotel Vip Zurique em Lisboa, moderada pelo conhecido economista guineense radicado em Portugal, Eduardo Fernandes, encontravam-se ainda o biólogo guineense e Presidente do Fórum para o Diálogo e o Desenvolvimento da Guiné-Bissau (FDDD), Aladje Baldé, e o Encarregado de Negócios da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal, M’ bala Fernandes. 

Sem comentários:

Enviar um comentário