Líder da diocese do enclave angolano queixa-se em Lisboa do "colonialismo" de Luanda por uma "elite que tem tudo"
O padre Raul Tati, da diocese de Cabinda, lançou esta quarta-feira em Lisboa um livro sobre a Igreja do enclave onde acusa os políticos portugueses de "terem abandonado os cabindas" e de só se preocuparem com o território quando estão na oposição.
De acordo com o sacerdote, o Governo angolano exerce um poder colonial sobre Cabinda desde a independência, acusando os sucessivos executivos de Lisboa de "irresponsabilidade" pelo abandono em relação à questão, traindo o espírito e a letra do Tratado de Simulambuco - assinado em 1885 entre Portugal e o rei de Cabinda e que colocava o território sob o estatuto de protetorado de Lisboa.
Em declarações à agênccia Lusa, Raul Tati disse que ultimamente assiste-se a uma certa subserviência marcada por acontecimentos económicos "que estão a falar muito mais alto", e que fizeram com que posições de compromisso fossem "esquecidas" ao longo dos anos. O livro 'Cabinda - Percurso histórico de uma igreja entre Deus e César 1975-2014', apresentado na Sociedade de Geografia, foi lançado em Angola em janeiro e descreve a história da Igreja em Cabinda e a forma como tratou os principais acontecimentos do território desde 1975.
O enclave de Cabinda é palco desde a independência de Angola, em Novembro de 1975, de uma luta pela independência, desencadeada ao longo dos anos por diferentes fações cabindas, restando atualmente somente a FLEC de Nzita Tiago, que ainda mantinha uma resistência armada residual à administração por parte de Luanda e a que renunciou em maio de 2013 em troca de autonomia. Separada de Angola pelo rio Congo, Cabinda possui significativos recursos naturais, em que as reservas petrolíferas representam cerca de metade da produção diária de 1.8 milhões de barris de petróleo.
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