A ideia é ficar a salvo da espionagem americana. Projecto vai ao encontro da ideia de fazer rede europeia livre da curiosidade de Washington.
A Presidente brasileira defendeu nesta segunda-feira em Bruxelas a urgência de avançar com o projecto de construção de uma linha de fibra oceânica que ligue o Brasil directamente à Europa, para reduzir a dependência dos Estados Unidos nas comunicações – e evitar a exposição a escutas da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana, como as reveladas pela fuga de informação maciça feita por Edward Snowden.
Um dos objectivos que Rousseff tinha na agenda da cimeira União Europeia-Brasil que decorreu nesta segunda-feira em Bruxelas era tentar definir o financiamento para este projecto no valor de 185 milhões de dólares (134,8 milhões de euros), que poderia estar pronto a executar no ano que vem, diz a Reuters.
No ano passado, a Presidente adiou uma visita de Estado a Washington por causa das escutas norte-americanas ao seu telefone – e ao seu Governo. Por causa disso, Edward Snowden, que obteve asilo temporário na Rússia, está agora a tentar obter refúgio no Brasil – até agora, sem sucesso.
A preocupação da Presidente brasileira em manter as comunicações de telefone e de Internet a salvo da curiosidade dos espiões norte-americanos vem agora ao encontro das preocupações expressas pela chanceler alemã Angela Merkel – que propôs recentemente que a Europa tratasse de construir uma rede própria de comunicações, que também se fechasse aos olhos e ouvidos americanos.
“Saúdo a chanceler Merkel por propor essa rede, nós temos uma preocupação similar, principalmente quando se trata de comunicações de fibra ótica interoceânica", afirmou Dilma Rousseff. As verificações de segurança desses cabos são essenciais, disse a Presidente brasileira, e defendeu a necessidade de respeitar sempre “os direitos e a soberania” dos Estados e das empresas.
Nos seus actuais moldes, o projecto seria uma joint-venture entre o operador brasileiro Telebras e a espanhola IslaLink Submarine Cables, que faria a colocação dos cabos de fibra óptica. A empresa brasileira teria 35%, a espanhola 45% e fundos de pensões europeus e brasileiros poriam o resto – sendo que o Brasil deveria ter mais de 50% no projecto, pelo que os fundos brasileiros deveria investir mais capital do que os europeus, adianta a Reuters.
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