O director-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevedo, considerou hoje que a ideia defendida pelos empresários lusófonos sobre a criação de um mercado único de livre circulação de bens e pessoas "seria útil e saudável".
"É um movimento que seria útil e saudável para a integração das economias, porque são economias que já têm uma conexão importante entre elas, não só pela língua, mas também pela cultura e pela vertente empresarial, não é à toa que os empresários pedem isso, é que porque há uma relação íntima de cooperação e ligação entre os sistemas económicos desses países", disse o director-geral da OMC, em entrevista à Lusa, em Lisboa.
Roberto Azevêdo acrescentou, no entanto, que "não será um processo sem dificuldades políticas, porque um processo desta natureza, quanto mais ambicioso for, mais sensível politicamente se torna a empreitada, mas é uma ideia que deve ser explorada", vincou o responsável.
O director-geral da OMC, que é brasileiro, sublinhou ainda que o seu país enfrenta uma especificidade que pode complicar o processo: "o Brasil tem as suas próprias dificuldades por causa dos acordos regionais, como o Mercosul, por exemplo, e isso será parte de uma qualquer exploração de uma iniciativa nesse sentido, mas é uma ideia que deve ser explorada, penso que os governos vão levar a sério essas recomendações".
A ideia da criação de um mercado único de bens e serviços com livre circulação de pessoas tem sido defendida pelos empresários lusófonos, particularmente pela Confederação Empresarial da CPLP. Em Novembro, por altura de uma audiência com o Presidente da República, Cavaco Silva, o líder daquela entidade sublinhou que existe "uma abertura de todos os governos da comunidade lusófona para que se possa materializar esta ambição da confederação", mas admitiu que "falta muito trabalho" até que a livre circulação de bens e pessoas seja uma realidade.
"Falta muito trabalho, a confederação e todos os seus membros [nacionais] devem utiliza a educação para [alcançar] esse objectivo; para tal, a CE-CPLP está a estabelecer a forma de comunicação e imagem para ser mais abrangente a nível das comunidades, criou uma página no Facebook, o portal da confederação para fazer a ligação entre as associações de todos os países e dentro em breve vamos lançar um guia individual de cada país, e depois um guia da CPLP com as referências empresariais e associativas", disse Salimo Abdula no final de uma audiência com Cavaco Silva, a 29 de Novembro.
"Um dos objectivos da Confederação Empresarial da CPLP (CE-CPLP) é a livre circulação de bens e pessoas que permite que as empresas da comunidade da lusofonia possam movimentar-se dentro da comunidade com muita facilidade, não tendo de enfrentar processos administrativos complicados, como os vistos de entrada e outros, e que os cidadãos possam habitar, residir e ter acesso ao trabalho dentro dos países da comunidade como se nos seus países estivessem", disse então à Lusa.
Lusa/SOL
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