O presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, afirmou que qualquer equívoco dentro do partido relativamente à substituição terá que ser decidido nos órgãos de decisão e que enquanto presidente do partido é cabeça de lista.
“Este é o fato e é com esse fato que devemos viver e trabalhar. Ora, a questão das presidenciais no PAIGC está muito bem especificada. Por mais que o grupo me queira ou eventualmente possa querer como candidato, não sei se é o caso, mas se for, apenas o Comité Central, por via de voto secreto, tem competência para o decidir. Não há ninguém aqui que possa garantir que o próximo Comité Central ou convocado para o efeito vai escolher-me a mim ”, disse em alusão ao pedido de esclarecimento que um grupo de dirigentes integrantes do governo de iniciativa presidencial quer que se faça em relação à liderança do PAIGC, no concernente às eleições presidenciais.
O líder do PAIGC falava aos jornalistas na tarde desta quinta-feira, 17 de outubro, depois de uma reunião de pouco mais de três horas entre os dirigentes de “costas viradas” à direção de Domingos Simões Pereira e os dirigentes que ainda se mantêm leais à Direção Superior do Partido.
Relativamente aos fatos que terão motivado essa reunião de emergência, nada foi claro aos jornalistas, quer do lado dos integrantes do governo, quer da parte de Domingos Simões Pereira, mas o líder do PAIGC disse que “há uma preocupação no sentido de esclarecer a modalidade de designação do futuro primeiro-ministro, em caso da vitória do partido nas próximas eleições legislativas”.
“Esclarecemos ao grupo que os estatutos preveem os dispositivos legais e que não é uma escolha unilateral do presidente do partido. O que plasma é que o presidente do partido é cabeça de lista para as legislativas e em caso de vitória é o candidato…Na última reunião foi aberta a possibilidade de o presidente propor ao órgão máximo, entre congressos, o Comité Central, a escolha de outro elemento”, afirmou.
Simões Pereira lembrou que o partido realizou o seu último congresso em 2022 e como se está–no meio do percurso do mandato há naturalmente quem julgasse que o presidente já estaria a preparar a sua sucessão e essa sucessão deve ser aberta e a mais transparente, sublinhando que isso permitiu-lhe assegurar ao grupo que não é esse o seu entendimento e que o PAIGC está coeso, unido e respeita as regras democráticas.
Assegurou, neste particular, que chegado o momento da sucessão, todos os militantes em efetividade da sua militância terão a oportunidade de apresentarem a sua moção de estratégica e ser sufragada, então serão os novos líderes do partido, mas “estando ao meio do mandato não faz sentido tratar isso como uma situação de crise interna”, admitindo que há intenções de alguns dirigentes que pretendem que as listas de candidatos a deputados de nação sejam rejuvenescidas, integrando outros elementos que pudessem dar “essa imagem de maior rejuvenescimento”.
“O nosso secretário nacional apresentou, de forma clara, as estatísticas que demostram o grau de rejuvenescimento que a nossa lista está a apresentar”, enfatizou.
Segundo o líder do PAIGC, no final da reunião, as partes assumiram um compromisso em respeitar as regras internas do partido, permitir que, independentemente das opiniões que uns e outros possam ter neste contexto de procura de consensos, sejam as estruturas e os órgãos competentes do partido a decidirem sobre a vida interna do PAIGC.
Assegurou aos militantes que a direção do partido olha com toda a normalidade para este fenómeno e o pedido de diálogo e reitera a sua disponibilidade para prosseguir com o diálogo na Comissão Permanente e, eventualmente, no Comité Central, bem como permitir, tal como esses dirigentes têm o direito de argumentarem a sua posição, também possam ouvir outros camaradas desse lado e no final, como sempre tem sido feito, que seja a maioria a decidir qual deve ser o caminho a percorrer para o reforço da unidade e a coesão do partido, para que saia mais forte para enfrentar os desafios a nível nacional.
Aos jornalistas, Carlos Pinto Pereira, porta-voz do grupo, disse que o encontro decorreu na sequência da carta aberta que dirigiu à direção, levantando uma série de questões que “são de domínio público”.
“Felizmente, a direção reagiu favoravelmente e de imediato marcou este encontro que se realizou hoje. Foi uma conversa prolongada e vamos continuá-la, mas permitam-me dizer-vos que este não é o momento oportuno, divulgarmos em detalhes os pontos que foram hoje debatidos. O que é verdade é que ficou acordado que haverá uma reunião e seremos convidados a participar numa próxima reunião da Comissão Permanente e provavelmente nessa altura já estaremos em condições de transmitir um pouco de forma mais clara a posição que estamos a defender”, disse.
Por: Filomeno Sambú
Conosaba/odemocratagb
Sem comentários:
Enviar um comentário