O economista guineense avalia que o contexto político atual tem revelado grande fragilidade, marcada por instabilidade governativa constante, o que afeta negativamente a economia e a vida da população.
De acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Iniciativa Oxford sobre Pobreza e Desenvolvimento Humano, 64,4% da população da Guiné-Bissau vive em condições de pobreza multidimensional, com 26% sobrevivendo com menos de 2,15 dólares por dia.
O economista José Nico Djú lamentou essa situação, afirmando que as prioridades orçamentais do país não estão voltadas para áreas essenciais como educação e saúde. “É lamentável ver a Guiné-Bissau liderar o índice de pobreza extrema entre os PALOPs", afirmou Djú, acrescentando que a fragilidade política torna essa realidade menos surpreendente.
O relatório revela que 584 milhões de pessoas, mais da metade das pessoas pobres no mundo, são crianças com menos de 18 anos. Na Guiné-Bissau, a situação é especialmente grave, com 64,4% da população vivendo em pobreza multidimensional e 26% sobrevivendo com menos de 2,15 dólares por dia.
Em sua análise, Nico Djú defende a necessidade urgente de se repensar as políticas públicas, com foco no uso eficaz do erário público, garantindo que os recursos orçamentais sejam alocados para saúde e educação. “É preciso redirecionar as políticas públicas, com foco na saúde e na educação como prioridades orçamentais”, concluiu ele.
No panorama geral, a Guiné-Bissau lidera entre os países de língua portuguesa, com 64,4% da população em situação de pobreza multidimensional e 26% abaixo da linha de 2,15 dólares por dia. Em Angola, 51,1% da população está em situação de pobreza multidimensional, com 31,1% vivendo abaixo da linha de pobreza. Já no Brasil, 3,8% da população vive em pobreza multidimensional, e 3,5% abaixo da linha de pobreza.
Em São Tomé e Príncipe, 11,7% dos habitantes estão em situação de pobreza multidimensional, enquanto 15,7% vivem abaixo da linha de pobreza. Timor-Leste apresenta 48,3% da população em pobreza multidimensional e 24,4% abaixo da linha de pobreza.
Embora Moçambique tenha apresentado melhorias significativas na redução da pobreza entre 2021 e 2022, 60,7% da população ainda vive em condições de pobreza multidimensional, e 74,5% abaixo da linha de pobreza.
Segundo Nico Djú, as autoridades guineenses precisam adotar medidas concretas para melhorar os indicadores macroeconómicos e, assim, impactar positivamente as condições de vida da população. “As autoridades da Guiné-Bissau precisam refletir profundamente sobre essa situação crítica”, destacou ele.
Apesar de mais da metade da população guineense viver na pobreza, Djú observou que a taxa de crescimento económico do país foi de 4,2%, mas que as dívidas públicas superaram 80% do PIB.
O relatório aponta ainda que quase meio bilhão de pessoas pobres vivem em países afetados por conflitos violentos, onde as taxas de pobreza são três vezes maiores do que em países sem conflitos. O ciclo de pobreza e conflito dificulta, e em muitos casos reverte, os avanços na redução da pobreza. A recomendação é que sejam intensificados os esforços para combater a pobreza nesses contextos.
Em termos globais, 27,9% das crianças vivem na pobreza, enquanto entre os adultos esse número é de 13,5%.
Por: Ussumane Mané/radiosolmansi com Conosaba do Porto
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