. O grupo Coral "Ester"
quinta-feira, 30 de junho de 2016
SOFRIMENTO ATÉ AO FIM. PORTUGAL ESTÁ NAS MEIAS FINAIS
Portugal apurou-se para as meias-finais do Euro 2016 após eliminar a Polónia no desempate por grande penalidades (3-5) depois de um empate a um golo no final do tempo regulamentar.
Conosaba
COMO EMBAIXADORA, CATARINA FURTADO APOIA MÃES NA GUINÉ-BISSAU
Catarina Furtado viajou até à Guiné-Bissau, como Embaixadora de Boa Vontade do UNFPA, uma organização que tem como objetivo o desenvolvimento da saúde reprodutiva de mulheres em todo o mundo.
E de facto, a apresentadora já tem motivos para sorrir, conforme partilhou nas redes sociais. “Os índices de mortalidade materna e infantil nas regiões de Bafatá, Gabu e Oio, zonas de intervenção do Projeto ‘Redução da mortalidade materna e neonatal’, acompanhado televisivamente pelos documentários ‘Dar Vida sem Morrer’ na @rtppt contribuíram com grande sucesso para que muitas menos mães tenham perdido a vida ao dar à luz e muitos mais bebés tenham sobrevivido ao parto, nestes 6 anos de intervenção!”, ressalva.
No entanto, Catarina não deixa de frisar que ainda faltam grandes desenvolvimentos nesta área: “Fruto da união de esforços da Cooperação Portuguesa e das equipas médicas locais, sob a gestão do UNFPA. Claro que ainda existem muitos desafios pela frente, mas acredito que a Guiné-Bissau está a caminhar para que os direitos humanos de todas as mulheres sejam reconhecidos, para que o acesso universal à saúde reprodutiva seja garantido e para que maternidade seja segura!”, termina.
Lusa/Conosaba
CERIMÓNIA DE HOMENAGEM DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU AO HOSPITAL DE SÃO JOÃO DO PORTO
Decorreu ontem, Quarta-Feira, dia 29 de Junho de 2016, pelas 11:00H, na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, uma Cerimónia de Homenagem ao Professor Doutor António Ferreira, médico e ex-director do Hospital de São João do Porto e da Senhora Enfermeira (aposentada) Joaquina Ribeiro e ao Hospital de São João do Porto.
A acto solene foi presidido pelo Senhor Encarregado de Negócios, Dr. Mbala Fernandes, que contou com a presença, Director do Hospital S.João do Porto, Dr. António Oliveira e Silva, Sub-Director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Prof. Doutor Nuno Montenegro, do Senhor Cônsul Honorário da Guiné-Bissau, Dr. José Manuel Pavão, corpo docente e discente da Faculdade, e ainda elementos da comunidade guineense residente no Porto.
No seu discurso, o Dr. Mbala Fernandes, fez um breve historial de cooperação no domínio da saúde entre a República da Guiné-Bissau e Portugal, com tónica na actual situação da saúde no País, enumerou as dificuldades e o papel do Estado, das ONG´s em particular da sociedade civil guineense no processo de reforma do sector de saúde e por fim evocou os motivos para a referida homenagem, passo a citar:
“(…) uma homenagem justíssima pela forma como os distintos homenageados lidaram com a problemática da saúde, contribuíram quer no acolhimento, tratamento dos doentes evacuados, bem como no par e passo dos acordos de cooperação no âmbito da saúde ao Hospital de S.João do Porto.
Reconhecimento por parte do Estado Guineense do apoio na formação de médicos nas várias especialidades, no apoio às variadíssimas missões médicas à Guiné-Bissau.”
Em gesto de agradecimento o Director do Hospital de São João, louvou a iniciativa e encorajou a assistência presente, principalmente os mais novos, médicos e enfermeiros, a terem como exemplo os Homenageados, conclui “(…) A Guiné-Bissau pode contar sempre com o Hospital na continuidade dos trabalhos de cooperação em prol do desenvolvimento do País e em particular do sector da saúde”.
Conosaba
«NANGA DEFF» SENEGAL: DESMANTELADA REDE JIHADISTA EM DAKAR
O Serviço de Investigação Criminal senegalês deteve em Dakar um grupo de indivíduos pertencentes a uma rede jihadista. A operação teve lugar no início desta semana num bairro da capital senegalesa, durante a qual foram detidos três estudantes árabes que se encontram atualmente sob custódia.
As autoridades não avançaram mais detalhes sobre as suspeitas que levaram à detenção destes três indivíduos e remeteram para o inquérito em curso que deverá apurar o envolvimento dos mesmos em atividades jihadistas.
O país continua em alerta elevado devido a ameaça jihadista e, com estas detenções, são já quinze os detidos, desde o início do ano, por alegado envolvimento na rede internacional de terror, com especial destaque para os líderes religiosos Ndao e Seye, detidos em Kaolack e Mbour, respetivamente.
© e-Global/Conosaba
FMI "ENCORAJADO" COM O NOVO GOVERNO DA GUINÉ-BISSAU
O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) que realizou uma visita à Guiné-Bissau diz ter ficado satisfeito com as intenções do novo Governo dirigido por Baciro Djá.
"Vamos para Washington com uma mensagem positiva e encorajadora", disse Felix Fischer, durante uma conferência de imprensa conjunta com o ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau, Henrique Horta, em Bissau.
Questionado sobre a suspensão da ajuda dos parceiros internacionais ao Orçamento Geral do Estado, Fischer remeteu os jornalistas para os parceiros.
No início do mês, o FMI suspendeu o apoio a Bissau devido ao resgate público aos bancos guineenses em 2015, operação que viria a ser cancelada, e a inexistência de um orçamento aprovado para este ano.
O FMI espera agora que o novo Governo tome as medidas necessárias para que possa retomar o financiamento dos seus projectos na Guiné-Bissau.
Voa com Conosaba
GUINÉ-BISSAU: ORÇAMENTO GERAL DE ESTADO PADECE DE DEFICE DE 22 BILHÕES DE CFA
O Ministro das Finanças afirmou esta quarta-feira que o orçamento do país padece de um défice de 22, 4 bilhões de francos CFA por cobrir.
Henrique Horta que falava durante o encontro que a missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) mantêm com a imprensa ontem (quarta-feira) disse que o resgate foi o motivo principal da suspensão do programa com o Fundo, porque “havia um nível de endividamento que o país não podia ultrapassar, havia uma assunção de responsabilidades em como os fundos só seriam gastos naquilo que o governo conseguiu colectar o que não foi respeitado”. Feito isso, tinha que ser assumidas as derrapagens, aceitá-las e a partir daí mostrar que há medidas correctivas para inverter a situação”
O ministro garantiu ao FMI que vão tentar corrigir a derrapagem com que o país se vê confrontado, afirmando que a estratégia do governo para suprir o défice de 22.4 bilhões vai implicar o alargamento da base tributária, ou seja “o governo terá que ir nas fontes potências de receitas buscar fundos que possam compensar este défice de 22 bilhões”, frisou.
Para o chefe da missão do Fundo Monetário Internacional Félix Fisher disse terem discutido vários elementos que possam ajudar a fechar as contas para responder a situação fiscal bastante difícil.
Félix Fisher afirmou por outro lado que para o desembolso dos fundos do FMI precisa-se concluir as avaliações dos programas, adiantando que o desembolso vai depender muito das decisões do Conselho de Administração do FMI. “Os elementos para poder concluir as avaliações incluem anulações do resgate bancário e um orçamento realista para o ano 2016”, sublinhando que o pilar do programa concordado era que o governo tinha que gastar o dinheiro existente, e o resgate implicava o ultrapassamento dos gastos públicos por 34 bilhões de francos CFA”, afirmou.
O economista assegurou que o governo comprou carteira tóxica sem ter o dinheiro. “ Portanto o programa do FMI tem um indicador que é o crédito liquida que não foi cumprido. Isto que nos leva a dizer que não podemos desembolsar a próximo tranche ao menos que o resgate seja anulado”, concluiu.
A missão prometeu voltar no próximo mês de Setembro para continuar as discussões para avaliações do programa do fundo e concluir essas discussões.
Por: Nautaran Marcos Có/radiosolmansi/conosaba
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DO PAÍS DEBATEM SISTEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO GIABA
Os actores de deferentes instituições financeiros debatem hoje em Bissau o sistema da implementação do projecto Giaba anti lavagem de dinheiro
O encontro é organizado pelo ministério das finanças através de célula nacional de tratamento de informações financeiras no quadro de luta contra branqueamento de capitais e financiamento de terrorismo.
Para o melhor controlo e identificação das tentativas dos branqueadores as atenções devem incidir nas três fases de branqueamento, colocação, a cumulação e a fase da integração.
Para Teresa Veiga presidente da célula nacional de tratamento de informação financeira para contornar a situação é necessária uma cooperação entre as diferentes instituições, tendo adiantado que, “nenhuma estratégia ou política de luta contra o branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo pode ser eficaz sem que haja cooperação das instituições, aplicação da lei e sem que haja um controlo capaz de assegurar a eficácia e os resultados esperados por essas acções”, frisou.
Em representação do ministro das finanças Carlos Andrade afirmou que a Guiné-Bissau como todos outros países da sub-região está afectada por movimentações de capitais neste sentido apela a aplicação da lei sobre a matéria, sublinhando que “os agentes das instituições financeiras devem aplicar integralmente o que está plasmado nas leis e não se esquecer que temos uma lei apesar de tentativas de o actualizar, já está no processo da sua aprovação”, concluiu.
Actualmente as instituições financeiras constituem instrumentos utilizadas pelos agentes criminosos para introdução de avultosos somas de dinheiro que depois da sua entrada em circulação adquirem justificações legais eliminando as pistas da sua origem ilícita.
Por: Nautaran Marcos Có/ Amadi Djuf Djaló/radiosolmansi/conosaba
«FUTEBOL» PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA GUINÉ-BISSAU PROMETE MOVER QUEIXA-CRIME CONTRA CANDIDATO DERROTADO
Bissau, 30 jun 16 (ANG) – O reeleito Presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB), prometeu mover uma queixa na Polícia Judiciária contra Ino Embalo, um dos candidatos derrotados nas últimas eleições naquela organização e que entrou com uma impugnação contra o acto.
Manuel Nascimento Lopes, reagia quarta-feira as declarações de Ino Embalo que acusou a Direção cessante da FFGB de "ma gestão", pelo que a Federação Internacional de Futebol (FIFA), segundo Ino, decidiu congelar os fundos destinados a apoiar o futebol guineense.
"Quero limpar a minha imagem gravemente denegrida com as declarações infundadas de Ino Embalo", justificou o presidente recém-eleito da FFGB.
Ino Embalo convida a FIFA e CAF, para acompanharem a situação na FFGB, em nome da verdade, transparência e a humildade desportiva do país.
Afirmou que o país esta a perder muito dinheiro "por causa da má gestão cometida pelo Presidente da FFGB".
Embalo acrescentou que a decisão da FIFA, que há 14 anos disponibiliza verbas para a Guiné-Bissau, se deve a não apresentação do relatório de contas referente ao exercício do ano anterior por parte de Manuel Nascimento Lopes.
A título de exemplo sobre a má gestão de fundos, Ino Embalo evocou o facto de a FFGB ter justificado a paralisação do Campeonato Nacional de Futebol da presente época com alegações de falta de verbas, mas que no decurso da eleição do Presidente da Federação de Futebol, Nascimento Lopes terá distribuído dois a três milhões de francos cfa, "para a compra de consciência dos responsáveis desportivos presentes na sala do congresso".
ANG/LLA/JAM/SG/Conosaba
«MÉNHER MÉNHER NA ASSEMBLEIA» PRESIDENTE DA ANP SUSPENDE SESSÃO POR "FALTA DE LEGITIMIDADE PARLAMENTAR DO NOVO GOVERNO DA GUINÉ-BISSAU
Bissau, 30 Jun 16 (ANG) – O Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) suspendeu hoje os trabalhos da IV sessão ordinário da nona legislatura, que tinha como ordem do dia, apresentação, discussão e votação do orçamento da Assembleia Nacional Popular.
Cipriano Cassamá justiça a decisão de suspensão dos trabalhos com alegacões de que esse orçamento representa um documento anexo ao Orçamento Geral de Estado, a ser apresentado pelo novo Governo.
Cassamá fez questão de referir que a convocação da sessão se fez apenas em obediência as regras regimentais do hemiciclo, na medida em que o governo ainda carece de legitimidade perante ao parlamento.
No seu discurso de abertura, o presidente da ANP reconheceu que a sessão realizasse num momento de instabilidade parlamentar, com consequência negativas no cumprimento por esta instituição do seu papel de legislador e fiscalizador da acção governativa.
Por esta razão, Cassamá apela ao bom senso dos deputados para garantir o normal funcionamento daquela instituição.
Salientou que o país vivi momentos de indefinição política governativa, sobretudo na legitimação do executivo governamental que passa pela apreciação do programa do governo e aprovação do plano nacional de desenvolvimento e do Orçamento Geral de Estado, assim como das respetivas leis.
“Em virtude da realidade política vigente, os deputados não têm tido capacidade de negociação através do diálogo para ultrapassar as diferenças políticas e adoptar uma agenda adequada aos desafios do povo guineense que depositou eles a esperança no futuro”, criticou o presidente.
Acusa os deputados de defenderem as suas convicções pessoais e político- partidária ao ponto de relegar para segundo plano, o mandato popular na sua essência democrática.
O líder da bancada parlamentar do Partido da Renovação Social (PRS) Certório Biote e o vice-líder parlamentar do Partido Africano da Independência da Guine e Cabo Verde PAIGC João Seidiba Sane congratularam-se com a decisão do presidente da ANP de suspender os trabalhos da quarta sessão.
Momentos antes de abertura oficial da referida sessão quatro novos deputados tomaram posse em substituição dos que foram convidados a desempenhar funções no governo.
ANG/LPG/JAM/SG/Conosaba
«DR. CARLOS VAMAIN» REFORMA FISCAL PODE SER SOLUÇÃO PARA DEPENDÊNCIA EXTERNA DA GUINÉ-BISSAU
Os doadores congelaram a ajuda prometida à Guiné-Bissau para 2016. O analista guineense Carlos Vamain sugere que o Estado arrecade melhor as receitas. E "outras políticas" para compensar a ausência de apoios orçamentais.
Na semana passada (23.06), o Fundo Monetário Internacional (FMI) informou o novo Governo de Bissau que os principais parceiros financeiros do país congelaram a ajuda prometida para 2016.
O órgão internacional exige correções num contrato de resgate a bancos comerciais assinado pelo Governo demitido, no valor de cerca de 50 milhões de euros, que resulta numa derrapagem do crédito líquido do Estado.
Os parceiros internacionais alegam que a disponibilização dos fundos anunciados na mesa de doadores realizada em 2015, em Bruxelas – cerca de mil milhões de euros – vai depender da criação de condições de estabilidade na Guiné-Bissau, que no último ano já mudou de Governo quatro vezes.
O analista guineense Carlos Vamain considera que a decisão poderá agravar ainda mais a situação financeira do Estado guineense, caso este não enverede por "outras políticas". Em entrevista à DW África, o especialista também recomenda mudanças no setor das finanças públicas.
DW África: Quais são as consequências do congelamento da ajuda externa à Guiné-Bissau?
Carlos Vamain (CV): As consequências dessa decisão do FMI relacionam-se com a questão do grau de dependência relativamente ao exterior por parte da Guiné-Bissau. O Orçamento Geral do Estado acusa um défice de mais de 50% e isto tudo faz com que o país dependa de apoio orçamental de parceiros de desenvolvimento. Há uma taxa de pressão fiscal muito baixa na Guiné-Bissau, as pessoas pagam muito pouco impostos e dependem dos impostos pagos pelos países parceiros de desenvolvimento. Portanto, está numa situação bastante difícil. E as consequências dessa decisão poderão agravar a situação financeira do Estado se este não enveredar por outras políticas, que possam permitir que o Estado arrecade melhor as receitas e melhore a sua performance financeira.
DW África: E quais seriam essas políticas económicas para melhorar o Orçamento do Estado?
CV: Uma reforma fiscal de forma a cobrar receitas. Por exemplo, aqui na Guiné-Bissau não se paga impostos prediais. E o Imposto Geral sobre Vendas (IGV) é cobrado na Guiné-Bissau a montante, quer dizer, ad valorem [conforme o valor] das mercadorias importadas. Se fosse cobrado a jusante, teríamos triplicado as receitas fiscais na ordem dos 60 e tal ou 80 mil milhões de francos CFA, o que reduziria bastante o défice orçamental. Isso permitiria ao país viver ou sobreviver um pouco sem grandes sobressaltos. Há que haver uma mudança de políticas no setor das finanças públicas.
DW África: E o novo Governo formado dá sinais de que fará essas mudanças?
CV: Soube que o Governo disse que vai fazer cortes nas despesas públicas. Só isso não será suficiente. O corte nas despesas não poderá cobrir esse défice orçamental devido à suspensão de apoios orçamentais. Julgo que a única medida seria uma reforma fiscal pequena para poder compensar a ausência de apoios orçamentais. É claro que são medidas mais ou menos dolorosas, mas têm de ser tomadas.
DW África: Com essas medidas, seria então possível o Governo da Guiné-Bissau sobreviver sem a ajuda externa?
CV: Penso que sim, porque segundo o próprio FMI, temos um potencial de 20,69% do Produto Interno Bruto (PIB) para arrecadação de receitas. Portanto, basta fazermos um esforço de 50% para chegarmos lá.
DW África: Essa pressão adicional exercida pelo FMI e os doadores agrava ainda mais a instabilidade política na Guiné-Bissau?
CV: Pode contribuir para o seu agravamento, caso não haja medidas corretivas que surtam efeitos para amenizar o sofrimento das pessoas e o caos financeiro.
quarta-feira, 29 de junho de 2016
«ECONOMIA E FINANÇAS» "COMPRA DA DÍVIDA DE EMPRESÁRIOS PELO GOVERNO DE SIMÕES PEREIRA AGRAVA AS DIFICULDADES ECONÓMICAS," DIZ MINISTRO ACTUAL DAS FINANÇAS
Henrique Horta dos Santos
Bissau, 29. Jun. 16 (ANG) – O novo Ministro da Economia e Finanças afirmou hoje que a compra da dívida dos empresários nacionais no valor de 35.2 bilhões de Francos CFA junto dos bancos comerciais, por parte do governo de Domingos Simões Pereira foi negativo para o Estado da Guiné-Bissau.
Henrique Horta dos Santos falava durante uma conferência de imprensa na qual se analisou a situação económica e financeira do país.
Sustentou que o que aconteceu não passa duma transferência “avulsa” da dívida em causa ao governo, “sem ter em conta os contornos da operação e o seu impacto, a médio e longo prazos, na vida das populações, na praça financeira e na relação com os parceiros internacionais”.
De acordo com o governante, em consequência dessa operação, o Orçamento Geral de Estado deste ano terá um défice de 22. 4 mil milhões de francos cfa, com a suspensão de ajuda financeira das instituições como a União Europeia e o Banco Mundial.
“Esta cifra é um fardo enorme para as Finanças Públicas guineenses”, lamentou Henrique Horta dos Santos para acrescentar que a referida dívida obriga o executivo a pagar um juro de 6 por cento anualmente.
Por estas e demais razoes, o Ministro das Finanças entende que os responsáveis desta operação financeira devem ser levados à justiça.
Henrique dos Santos explicou que o nível de endividamento do país, que é medido conforme a sua capacidade de produção de receitas, “foi amplamente ultrapassado”.
“A título de exemplo, o stock da dívida interna era de 15,1 bilhões correspondente a 2,5 por cento do Produto Interno Bruto, mas depois deste resgate financeiro, subiu para 51 bilhões de Francos cfa, correspondendo a 8,5 por cento do Produto Interno Bruto”, disse.
Assim, segundo o titular da pasta da Economia e Finanças, 8,5 por cento do conjunto da produção nacional será, nos próximos tempos, “canalizado para o pagamento duma dívida cuja produtividade é nula”.
Henrique Horta dos Santos que disse que esta operação financeira “não foi feita com o objectivo de beneficiar o povo” guineense, razão pela qual pede o esforço de todos para o reequilíbrio das contas do Estado.
“A operação não foi feita para melhorar as condições dos hospitais, das escolas, estradas ou outros sectores da vida nacional, mas sim para beneficiar um grupo de pessoas”, referiu.
Para fazer face a este período “menos bom” das contas do Estado, o ministro adopta como estratégia: o aumento da pressão fiscal e a contenção nas despesas públicas.
Por isso, apela aos operadores económicos, agricultores, académicos e a toda a sociedade guineense, para unir esforços para ultrapassar a crise económico-financeira do país.
O Primeiro-ministro, Baciro Djá, esteve presente na referida conferencia de imprensa.
O governo de Domingos Simões Pereira foi demitido em Setembro do ano passado.
ANG/QC/SG/Conosaba
«FINANÇAS PÚBLICA» SECRETÁRIO DE ESTADO DO ORÇAMENTO GUINEENSE PROMETE CONTROLAR FUGA AO FISCO E AUMENTAR RECEITAS
Bissau, 29 Jun 16 (ANG) - O Secretário de Estado de Orçamento e Assuntos Fiscais (SEOAF) afirmou terça-feira que vai criar mecanismos suficientes para controlar fuga ao fisco e aumentar as cobranças, para que todos pagassem imposto.
José Adelino Vieira falava à imprensa depois de visitar a Direção-geral das Alfândegas, Portos de Bissau e a Companhia de Lubrificantes e Combustíveis.
Questionado sobre a questão da fuga ao fisco no país, o governante disse tratar-se de um problema “muito grave para a administração pública guineense”, e garantiu reforçar a fiscalização aduaneira começando pelo Porto de Bissau, Alfândegas e outras empresas estatais.
Por sua vez, o Diretor-geral das Alfândegas, Francisco Rosa Cá disse estar determinado em cumprir as suas obrigações que são, entre outras, a arrecadação de receitas.
Francisco Rosa Cá referiu que exigem dos funcionários aduaneiros o cumprimento das suas obrigações, acrescentando que, por seu lado, o governo deve honrar o seu compromisso para com os trabalhadores, em termos de pagamento dos seus ordenados e subsídios a que têm direitos.
ANG/JD/JAM/SG/Conosaba
«DJAMBACATAM» AUTORIDADES GUINEENSES APREENDEM 14 VOLUMES DE LIAMBA
A brigada das Alfandegas de São Domingos, norte do país, quase na fronteira com o Senegal, apreendeu na segunda-feira 14 volumes de droga tipo Liamba. E os suspeitos já estão sob alçada de autoridades em Bissau
A informação avançada a Rádio Sol Mansi, ontem, terça-feira, por Domingos João Correia, delegado de serviço de informação e segurança de estado no sector de São Domingos, que garante que “estas embalagens foram detectadas num carro de transporte público e no posto aduaneiro e depois da inspecção normal foram constatados sacos enormes com Liamba. E depois de várias perguntas as pessoas apreendidas recusaram o envolvimento do tráfico”
Uma fonte adiantou a Rádio Sol Mansi que a droga saiu de Varela com destino a Bissau.
Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos com Conosaba
ATIVISTAS ANGOLANOS SAÍRAM DA CADEIA AO SOM DE "LIBERDADE"
Os ativistas angolanos condenados em março por atos preparatórios para uma rebelião e associação de malfeitores começaram a deixar o Hospital-Prisão de São Paulo, em Luanda, pelas 16:50, depois da ordem de libertação emitida pelo Tribunal Supremo.
Os ativistas foram recebidos no exterior com gritos de «liberdade» e prontamente abraçados, em clima de festa, por familiares e amigos que os aguardavam, conforme a Lusa presenciou no local. A saída foi acompanhada pelos três advogados de defesa, Miguel Francisco 'Michel', David Mendes e Luís Nascimento, autores do 'habeas corpus' pedindo a libertação por prisão ilegal, a que o Tribunal Supremo deu agora provimento.
O 'rapper' luso-angolano Luaty Beirão foi um dos que deixou a prisão esta tarde, tendo recusado prestar declarações aos jornalistas, além de admitir estar feliz, quando tinha a mulher, Mónica Almeida, à espera.
Conosaba/Diário Digital / Lusa
GUINÉ-BISSAU: BOTCHE CANDE, MINISTRO DO INTERIOR ADVERTE PARA LIGAÇÕES DO NARCOTRÁFICO (DJAMBACATAM) NO SERVIÇO DE SEGURANÇA
Circulam informações sobre a cumplicidade de altas patentes com o narcotráfico.
O ministro da Administração Interna da Guiné-Bissau advertiu os funcionários dos serviços de segurança a distanciarem-se de esquemas relacionados com o tráfico de drogas.
O apelo surge numa altura em que circulam informações sobre a cumplicidade de altas patentes com o narcotráfico.
”Há informações em como o Ministério do Interior é uma base de traficantes. Se é verdade, apelo que usem toda a vossa formação e capacidade para descobrir e assim podermos aniquila-la. Não devemos aceitar colaborar com os traficantes de droga”, disse Botché Cande.
A advertência do ministro da Administração aconteceu numa altura em que o Observatório Guineense de Drogas e Toxicodependência, uma nova organização guineense que se dedica à investigação, análise e monitorização de dados sobre o consumo e tráfico de droga na Guiné-Bissau, revela dados novos.
Além de serem usadas como mulas para transporte de droga, a camada feminina aparece agora a liderar o quadro do consumo de estupefacientes, sobretudo, nos centros de diversão, nomeadamente nas discotecas.
Para Abílio Aleluia Có Júnior, secretário executivo do órgão é urgente e pertinente que o Estado crie politicas concretas, com estratégias inteligentes de luta contra o consumo e tráfico de droga no país.
Dados disponíveis apontam, entretanto, que os jovens são os mais afectados pelo fenómeno, alegando a falta de oportunidades.
Daí o apelo para que haja mais apoio a um toxicodependente, ao invés de puni-lo: “na verdade, o consumidor de droga é um doente. Ele precisa de apoio e não o contrário, pois quando pune um consumidor você está a joga-lo para a marginalização. É preciso apoiá-lo, danado carinho, amor e afecto", diz Abílio Aleluia Có Júnior.
A Guiné-Bissau apresenta agora indicadores de ser um país, não só de trânsito, como também de consumo de drogas.
Voa com Conosaba
terça-feira, 28 de junho de 2016
BOAD CONCEDE EMPRÉSTIMO NO TOTAL DE 30 MIL MILHÕES DE FRANCOS CFA À GUINÉ-BISSAU
Texto traduzido
BOAD) - Mr. Christian ADOVELANDE, presidente do Banco Oeste Africano de Desenvolvimento (BOAD), e Henrique Horta DOS SANTOS, Ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau, assinado três contratos de empréstimo por um total de FCFA 30 mil milhões para a primeira fase do desenvolvimento e asfaltagem da estrada Buba-Catió, e o projecto de interconexão eléctrica dos estados membros da Organização para o desenvolvimento do rio Gâmbia (OMVG ).
O objectivo global do desenvolvimento e asfaltagem da via Buba-Catió é abrir a região sul da Guiné-Bissau e facilitar as trocas económicas e sociais, aos níveis nacional e sub-regional. BOAD acompanha a sua execução com um empréstimo de 5 mil milhões de francos CFA, ou quase 90% do custo total.
Em relação aos membros do projecto de interconexão eléctrica OMVG Unidos, que tem como objetivo desenvolver a troca de energia entre a Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau e do Senegal e, assim, permitir o acesso a fontes de 'energia mais barata. Ele vai evacuar a produção de electricidade de hidrelétricas Kaleta e Sambangalou.
Dada a sua capacidade de trânsito de 800 MW, a infra-estrutura de rede também servirá como evacuação da produção de usinas hidrelétricas futuras de interesse regional, localizados principalmente na Guiné, e a segunda geração de sites de OMVG, ele promover o desenvolvimento. BOAD apoia este projecto com um orçamento total 25 bilhões de FCFA, dos quais 11,5 mil milhões FCFA concedeu à Guiné-Bissau, através de um empréstimo direto de 4 bilhões de FCFA e assistência financeira do Fundo de Desenvolvimento Energético 7, 5 bilhões de FCFA.
Isto irá trazer para 32 mil milhões FCFA, o montante total das intervenções do Banco na Guiné-Bissau no sector da energia; ou seja, 6,75 mil milhões de FCFA para financiamento direto do BOAD e 25,21 mil milhões de francos CFA no âmbito do Fundo de Desenvolvimento Energético. Como um lembrete, 13 projetos de energia foram financiados nos estados do Fundo de Desenvolvimento Energético, para um total de 230 mil milhões de FCFA.
Os três contratos de empréstimo cobrir 101,5 bilhões de FCFA, os compromissos cumulativos do BOAD na Guiné-Bissau.
agenceecofin.com/Conosaba
La BOAD accorde des prêts d’un montant global de 30 milliards de FCFA à la Guinée Bissau
(BOAD) - Messieurs Christian ADOVELANDE, Président de la Banque ouest- africaine de développement (BOAD), et Henrique Horta DOS SANTOS , Ministre de l’Economie, et des Finances de la Guinée Bissau, ont signé trois accords de prêt d’un montant global de 30 milliards de FCFA pour la première phase du projet d'aménagement et de bitumage de la route Buba-Catiò, et le projet d’interconnexion électrique des Etats membres de l’Organisation pour la Mise en Valeur du fleuve Gambie (OMVG).
L’objectif global du projet d'aménagement et de bitumage de la route Buba-Catiò est de désenclaver la région Sud de la Guinée Bissau et de faciliter les échanges économiques et sociaux aux niveaux national et sous- régional. La BOAD accompagne sa mise en œuvre avec un prêt de 5 milliards de F CFA, soit près de 90% du coût total.
S’agissant du projet d’interconnexion électrique des Etats membres de l’OMVG, il vise à développer les échanges d'énergie entre la Gambie, la Guinée, la Guinée-Bissau et le Sénégal et permettra ainsi l’accès à des sources d’énergie moins onéreuses. Il permettra d’évacuer les productions d’énergie électrique des barrages hydroélectriques de Kaléta et de Sambangalou.
Compte tenu de sa capacité de transit de 800 MW, le réseau servira également d’infrastructure d’évacuation de la production des futures centrales hydroélectriques d’intérêt régional situés essentiellement en Guinée, et des sites de seconde génération de l’OMVG, dont il favorisera le développement. La BOAD soutient la réalisation de ce projet avec une enveloppe globale de 25 milliards de FCFA, dont 11,5 milliards de FCFA octroyés à la Guinée Bissau, à travers un prêt direct de 4 milliards de FCFA et un concours financier du Fonds de Développement Energie de 7, 5 milliards de FCFA.
Cette opération portera à 32 milliards de FCFA, le montant total des interventions de la Banque en Guinée Bissau dans le secteur de l’énergie ; soit 6,75 milliards de FCFA au titre des financements directs de la BOAD et 25,21 milliards de FCFA au titre du Fonds de Développement Energie. Pour rappel, 13 projets d’énergie ont pu être financés dans les Etats sur le Fonds de Développement Energie, pour un montant global de 230 milliards FCFA.
Les trois accords de prêt portent à 101,5 milliards de FCFA, le cumul des engagements de la BOAD en Guinée Bissau.
«PRABIS - COMPLEXO ESCOLAR COM NOME "HUGO CHAVES FRIA"» VENEZUELA FINANCIA CONSTRUÇÃO DE ESCOLAR EM PRABIS
Bissau, 28 jun 16 (ANG) - A Embaixada da República de Venezuela assinou, segunda-feira um contrato com a empresa “Jomo Construção”, para o financiamento da edificação de um complexo escolar, no sector de Prabis, região de Biombo e que terá o nome de “Hugo Chaves Fria”.
No acto, o embaixador de Venezuela para a Guiné-Bissau, com residência em Dakar, Senegal, disse que a Guiné-Bissau merece “grandes” apoios no sector do ensino.
Eddy Cordova Coreega acrescentou que o evento “ratifica a vontade do povo e do governo da Venezuela para com a Guiné-bissau, no seu compromisso de acompanhar, apoiar e trocar experiências, com vista a sua verdadeira independência” .
Por sua vez, o administrador da referida empresa, Jorge Mendes de Almeida, promete entregar a obra dentro do tempo estipulado no contrato.
No mesmo acto, o Representante do Ministério da Educação Nacional agradeceu o apoio deste país de América de Sul ao sector de ensino guineense e exigiu a empresa executora à cumprir o contrato.
O complexo escolar cujo nome será: “Hugo Chaves Fria”, em homenagem ao falecido antigo Presidente da Venezuela, terá 11 salas de aulas e será entregue no mês do dezembro deste ano.
ANG/QC/JAM/SG/Conosaba
«KUMA NÔ KA TENE CULTURA DI PAGA IMPOSTOS» "APENAS UM TERÇO DE EMPRESAS HONRAM SUAS OBRIGAÇÕES FISCAIS NA GUINÉ-BISSAU", REVELA CHEFE DA MISSÃO DO FMI NO PAÍS
Bissau 28 jun. 16 (ANG) – O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) no país, Félix Fischer revelou que apenas um terço de empresas pagam as suas obrigações fiscais na Guiné-Bissau.
Félix Fischer fez estas declarações a imprensa durante o encontro que manteve com o Presidente da Câmara de Comércio Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS), Braima Camara, no quadro dos contactos que vem mantendo com as autoridades nacionais ao longo da semana, e pediu a colaboração da CCIAS na sensibilização de empresários para cumprirem as suas obrigações fiscais.
“Seria importante que todas as empresas do país declarassem as suas actividades ao estado como sinal de suas contribuições ao fisco. Por isso, achamos que CCIAS pode ajudar na sensibilização dos empresários para cumprirem com as suas contribuições”, disse.
Félix Fischer aconselhou ainda o governo de Baciro Djá à concluir o relatório do Fundo Nacional de Promoção Industrial (FUNPI).
Sobre o assunto, o chefe da missão do FMI no país disse ter discutido com o actual governo sobre a auditoria que fora iniciada junto dos beneficiários do FUNPI, que ainda não se concluiu mas que , segundo disse, deveriam estar concluídas com vista a publicação dos seus resultados.
Por sua vez, o Presidente da CCIAS, Braima Camara defendeu a resolução o mais depressa possível da situação que levou a suspensão dos apoios do FMI a Guiné-Bissau, assim como doutras organizações financeiras.
“No quadro de um diálogo transparente entre a direção da CCIAS, os bancos envolvidos e o governo iremos encontrar uma saída mais airosa salvaguardando os interesses de todas as partes envolvidas no processo , pois se trata de uma questão nacional”, defendeu.
ANG/FGS/JAM/SG/Conosaba
«RELIGIÃO» PRIMEIRO-MINISTRO DA GUINÉ-BISSAU CRIA NOVA COMISSÃO NACIONAL DE PEREGRINAÇÃO A MECA
Bissau, 28 Jun 16 (ANG) – O Primeiro-ministro, Baciro Djá nomeou, segunda-feira, o Embaixador Dino Seidi Coordenador Nacional do Alto Comissariado para a Peregrinação aos Lugares Sagrados de Islão, na Arábia Saudita.
Embaixador Dino Seidi
De acordo com o despacho a que a ANG teve acesso, a nomeação de novos membros desta entidade se insere na “necessidade” do executivo colaborar na realização da peregrinação, assegurando ao Alto Comissariado, condições para a sua materialização.
Para além do diplomata Dino Seidi, o chefe do Governo nomeou treze personalidades das diferentes organizações islâmicas no país, com destaque para o antigo Conselheiro da Presidência da República para os assuntos Religiosos, Sambudjam Baldé, como o Coordenador Nacional Adjunto.
O Alto Comissariado para Peregrinação aos Lugares Sagrados do Islão é uma célula governamental de apoio as organizações islâmicas no cumprimento deste ritual religioso que se realiza em Meca e Medina, na Arabia Saudita.
Em 2015 os fiéis muçulmanos da Guiné-Bissau não conseguiram ir a peregrinação na Arábia Saudita, devido, principalmente, a crise política no país.
ANG/QC/JAM/SG/Conosaba
«RECADOS» DESARMAR E DESMILITARIZAR A RENAMO "NÃO É NADA DO OUTRO MUNDO", DIZ O CHISSANO
O ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano afirmou hoje que desarmar e desmilitarizar a Renamo "não é nada do outro mundo", exigência que deverá presidir, do lado de Maputo, a negociações entre as duas partes, que, admitiu, poderão reunir-se em breve.
Em declarações à agência Lusa, à margem da Conferência Moçambique - Portugal, que decorreu em Cascais, Joaquim Chissano admitiu estarem em curso contactos com vista a preparar, para breve, um encontro entre o presidente Filipe Nyusi, e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama.
"Nem é do interesse da Renamo continuar nas matas e a ser vista como um partido não credível, por manter armas de um lado, e paralelamente, membros no Parlamento. Está muitas vezes conotada com terrorismo, etc", sublinhou Chissano.
Conosaba
ARISTIDES PEREIRA : UM CONTURBADO DEPOIMENTO - 08-06-2016
[i] Aristides Pereira, Minha vida, nossa história, de José Vicente Lopes, Edições Spleen, 2012 (2a edição)
Commentaire posté par "O Cote"(Guiné-Bissau) le 29-06-2016
Caros amigos, este texto foi escrito por mim (Norberto Tavares de Carvalho)e é curioso que o meu nome não apareça em nenhuma parte do artigo. Agradeço pois que redimem isto, indicando o meu nome como autor do artigo. Aguardo e desejos de continuação de um bom jornalismo.
No seu Minha vida, nossa história[i], o ex-Presidente da República de Cabo-Verde confirma o perfil de alguém que à priori nada predestinava a endossar os altos cargos que finalmente acabou por ocupar. Secretário-Geral do PAIGC por obrigação, Presidente da República à força, sem a ambição que engloba necessariamente tais desafios, o homem foi arrastado pelos ventos hesitando sempre entre os seus mais profundos desejos e o que a história o reservou.
Puxado pela língua, na mesa do jornalista cabo-verdiano José Vicente Lopes (JVL), Aristides revela, de maneira aparentemente inócua, um montão de atributos: o caso de dirigentes do PAIGC que participaram na orquestração do complot onde Amílcar Cabral perdeu a vida e que depois, para se cobrirem, liquidaram os inocentes que eles próprios tinham mobilizado ; da grave quebra de confiança que se seguiu entre guineenses e cabo-verdianos ; dos constantes erros de Nino Vieira e do Osvaldo ; da conduta refractária de Luís Cabral de nunca o ter reconhecido no seu posto hierárquico ; da frustração e desespero de Chico Té ; do projeto da unidade Guiné e Cabo-Verde, escavado por dentro ; e do golpe de Estado de 1980 que acabou por esmagar o Partido de Cabral.
No tocante à Guiné, eis alguns extractos da entrevista (o melhor seria ler esta fantástica obra de José Vicente Lopes).
DA FUNDAÇÃO » DO PAIGC (p. 95).
… a data de 19 de Setembro de 1956 foi escolhida por nós – Amílcar, eu e o Luís -, já em Conakry, para apaziguar o Senghor, que nos via com muita desconfiança. Achava que nós éramos um ramo guineense do PAI que havia no Senegal, criado em 1957;
(…) também decidimos que o ano da nossa fundação tinha sido 1956, por coincidir com uma das passagens do Amílcar por Bissau para ver a mãe. Nessa tal reunião, (…) apenas estiveram presentes quatro pessoas e não seis : o Amílcar, o Fortes, o Luís e eu.
SG ADJUNTO DO PAIGC (p. 147-148)
Mas também estive na China em 1964. Até foi nessa altura que apareceu o cargo de secretário-geral adjunto porque os chineses queriam, à toda a força, que Cabral fosse lá. Mas eu não sei porquê, havia qualquer coisa e ele não podia. Como os chineses insistiam muito, ele decidiu : « Nâo posso ir, mas pode ir um próximo meu ». Mas havia uma questão : os chineses são muito meticulosos nestas coisas. « que nível é que ele tem na nomenklatura ? », quiseram saber. E eu só podioa ir como membro do Bureau Político. (…) Portanto é nessa altura que aparece o lugar de secretário-geral adjunto. (…) « … põe lá que és o secretário-geral adjunto e pronto. »
A MORTE DE AMÍLCAR CABRAL - O dedo de Spínola (p.157-164)
JVL : « (…) a conspiração ganha tal dimensão sem que os cabo-verdianos se tivessem apercebido daquilo » (p. 158).
… havia uma patrícia nossa que nessa altura vivia maritalmente com o Cruz Pinto, e o Cruz Pinto também «complotou» - tinha grandes ligações com o Momo Turé e os outros implicados. (…) Pelo seu comportamento, estimulava aquilo e as reuniões dele com o Momo eram na casa dele, Cruz Pinto.
JVL : « O Oramas diz que ficou com a impressão de ter visto o Osvaldo nos matagais ou atrás de umas árvores » (p.177)
Isso, não nego, é possível. O que recuso é que o Osvaldo estivesse a comandar fosse o que fosse. Já não tinha essa faculdade. (…) O Osvaldo estava com o Otto. O Otto, diante do que aconteceu, procurou pôr-se à distância, mas ele estava ligado ao Osvaldo. São coisas que nunca mais foram esclarecidas. Houve a barafunda toda, fui para Moscovo, houve « julgamentos », em que se procurou liquidar toda a gente que pudesse falar e ficou tudo assim. (…)
Quer o Nino, quer o Osvaldo – eu não disse que eles estivessem implicados em matar – sabiam do que se estava a passar. Sabiam do descontentamento que existia em relação a uma série de assuntos, que, do ponto de vista deles, estava errado. Moviam-se no sentido de levar Cabral a ceder perante eles. Essa gente –o Inocêncio Kani e outros-, não se mexeria sem falar primeiro com o Osvaldo, …. O Kani teve uma convivência forte com o Osvaldo durante anos na Frente Norte, depois esteve com o Nino também no Sul. (…) De maneira que gente como Nino, Osvaldo e outros sabiam do problema, chegado o momento, o que fizeram foi não se envolver directamente. (…) Acontecendo, poderiam sempre alegar a sua inocência, e se possível retirar proveito disso.
(…) Havia gente, também, interessada em ceifar uns tantos pra não falarem. Como disse, o Osvaldo, o Nino… sabiam do que se estava a tramar. O próprio Chico também sabia, tanto é assim que ele tinha rebates de consciência. Outro que sabia é o Carlos Correia, que se deu por doido naquela altura. Isso devia dar-lhes um certo peso na consciência porque eles sabiam da conspiração e nada fizeram para travá-la (p. 181).
… o Fidélis foi o homem que dirigiu o inquérito, apresentou o relatório das investigações, mas um relatório fraquíssimo, em que não se explica quase nada. (…) … ninguém estava verdadeiramente interessado no que realmente aconteceu. O grau de implicação dos guineenses era grande (p. 182).
(…) Inslusive, o Víctor Saúde Maria, que fez parte do inquérito, também sabia do que se estava a tramar, mas ele estava interessado em « cortar » uns tantos que sabiam que ele sabia. Foi nessa base que se liquidou muita gente logo a seguir ao 20 de janeiro, que nem havia razão para liquidar. (…) Os homens já estavam todos mortos, não podiam falar… (p. 183).
O Vítor Saúde Maria deve ter morrido com este peso na consciência. Porque houve gente que ele mesmo mobilizou nesse processo e que ele mesmo condenou à morte. (p. 177)
JVL :… ao fim e ao cabo não se podia desenterrar muita coisa… (p. 183)
… senão a coisa desconjuntava-se. Se tivéssemos que ir para as denúncias, isso seria o fim de tudo. (…) De todo o modo, a cofiança entre nós, guineenses e caboverdianos, nunca mais foi a mesma.
EN DEFESA DE SEKOU TURÉ (p.160)
AP : (…) Eu não posso afirmar de forma categórica, que ele não estivesse. No entanto, dentro duma certa lógica, e dos próprios interesses do Sékou, não vejo porque razão haveria ele de estar interessado que Cabral desaparecesse. Na altura em que o Amílcar foi morto, a imagem do Sékou, estava em franco declínio e um dos elementos que ainda lhe dava algum prestígio era ter, como retaguarda segura, um movimento de libertação, considerado brilhante em África, o PAIGC. Portanto, não estou a ver o Sékou a ser tão estúpido para acabar com essa réstia de credulidade que ainda conservava. Aliás, é justamente nessa altura que notei nele muto mais atenção a nós. Viu que éramos uma mais-valia para ele. Graças a nós podia continuar a arvorar-se em defensor da causa africana, projetando a sua imagem em todo o continente.
A ANGUSTIA DE SUBSTITUIR CABRAL (p. 175-176)
Eu via os colegas da direcção do partido – o Luís Cabral, o Chico Mendes, o Osvaldo Vieira, o Nino, o Pires, os principais membros do CEL. Eu via que difícilmente qualquer um deles iria reunir consenso, sobretuto, da parte dos guineenses. Naquela altura tínhamos que ter em conta os guineenses, sobretudo os combatentes, que estavam todos revoltados com o assassinato de Cabral,…
Da parte cabo-verdiana, principalmente aqueles que estavam em Conakry e que sofreram vexames, humilhações etc, … eu também não via como é que eles iriam suportar bem um guineense como secretário-geral.
Porque eu, desde o início – sempre assumi a posição que eu era cabo-verdiano. (…) mostrando sempre que eu não estava interessado no poder, principalmente na Guiné. Portanto, neste aspecto, os guineenses estavam claros a meu respeito. (…) De maneira que eu via a possibilidade, de facto, de os guineenses derem mais assentimento a mim do que ao Luís, por exemplo, para liderar o PAIGC. Ao contrário de mim, o Luís sempre foi considerado guineense, porque nasceu na Guiné e apresentava-se como sendo cem por cento guineense. Mas, é claro, há a questão da cor, que contradiz tudo, e o guineense é sensível a isso ainda hoje.
Além disso, eu tinha uma vantagem suplementar : eu estava em permanência ligado ao Amílcar.
JVL : Mas o grupo que o Fidélis tentou mobilizar ? (p.178)
O grupo de Fidélis… só se manifesta no congresso… mas ele não fez campanha…
Chegou a circular antes do congresso, em surdina, essa conversa :
« É preciso cuidado, não vamos cair na asneira de escolher um cabo-verdiano, porque vimos que não dá certo, portanto vamos colocar um guineense, não importa quem, mesmo que haja cabo-verdianos capazes por trás para suportá-lo. »
E tanto assim que foi ele (o Fidélis) que apresentou a candidatura do Nino no congresso e que não passou. Até porque o Nino na altura não queria saber de coisa nenhuma.
JVL : Em Madina do Boé, é eleita uma nova direcção do PAIGC, tendo-o na frente do Luís Cabral agora como o seu adjunto. Tendo havido todo aquele problema com o Amílcar, voltava-se, ao fim e ao cabo, a repetir o mesmo esquema. O senhor como cabo-verdiano, o Luís um guineense que não era assumido por todos. Não era repetir o erro ?(p. 186)
(…) A questão é a seguinte : havia uma certa hierarquia antiga entre nós e alterá-la não era fácil, até porque se o Luís não ficasse em segundo lugar quem ficaria ?
JVL : Um guineense assumido.
Mas quem ?
JVL : O Chico Té…
Não, o próprio Chico não ía lá.
JVL : O Nino …
Também não. Nenhum deles.
JVL : O Fidélis, muito menos ?
Muito menos.
ARISTIDES RECUSA SER PR DA GUINE (p. 186)
JVL : (…) Chegou-se a colocar a questão de ser o senhor o chefe de Estado da Guiné ?
… em conversa com o Luís, ele pôs-me a questão. Apenas nós dois. E eu respondi-lhe : « Nem pensar ! » « Como é que eu agora vou ser presidente da Guiné ?! O que estou a fazer é por Cabo-Verde ! » Fui claro. (…) Diante da minha resposta, ele disse-me : « Se tu não avanças, então tenho eu de avançar ». Isto porque nós dois éramos fundadores do PAIGC.
INDEPENDÊNCIA DE CABO-VERDE (p. 223)
AP : O consenso a que chegamos é que havia que preservar o cargo de SG do partido. Havia a conveniência que o partido, para que continuasse a ter a força que tinha, a pessoa que estivesse a dirigi-lo pudesse de facto exercer influência nos dois países, era preciso não estar à frente nem num nem noutro Estado, embora residisse num deles.
A reviravolta ficou a dever-se a uma razão muito simples. (…) O Luís soube da posição que ia ser levada de Cabo-Verde, isto é, eu ficar SG do partido, o Pires o PR de Cabo-Verde, e depois se iria ver quem seria o primeiro-ministro e tudo o resto. No entanto, o Luís não aceitava isso, sem eu saber. Ele nunca me disse abertamente, que era contra. Às tantas, quando a decisão estava à beira de ser tomada, eu recebi mensagem dele por interposta pessoa.. (…)
… o Araújo…
« Deves lembrar-te, vocês é que são os fundadores do partido, ele está como presidente da Guinié e se o Pires aparece como presidente de Cabo-Verde, automáticamente, o Luís torna-se colega do Pires. Isso não é razoável. Pelo contrário, o Luís acha que tu é que deves ser o primeiro presidente de Cabo-Verde. »
(…) Houve mais gente que me veio falar…Não, não foi o Nino… O Chico Té…
Sim, ele (o Chico Té) foi um dos que foi falar comigo. « Camarada Aristides, veja bem… Vocês é que são os fundadores que estão aí. Está também o Abílio, mas ele sabemos qual é a situação dele neste momento. De maneira que a única solução é você aceitar que fique como presidente de Cabo-Verde e isso não lhe impede de ser o secretátio-geral. »
E eu, também levado por uma certa relutância em, sendo cabo-verdiano, parecer que não queria protagonismo em Cabo-Verde, preferindo em vez disso ficar na Guiné, país na altura com muito mais peso internacional que Cabo-Verde, possívelmente, tomei esta posição : « Vou deixar isso andar. Vamos ao CSL[ii], vem o projeto e decide-se pelo melhor ». Mas é claro, no CSL havia uma esmagadora maioria de guineenses, que foram todos mobilizados pelo Luís. E o resultado só podia ser o que foi.
Para mim o melhor era não estar nem numa coisa nem noutra. Ou seja nem SG nem PR. Só que aparece a questâo e eu acabei por ter que mudar de ideia.
A DESGRAÇA DO PAIGC – O princípio do fim (p. 259-260)
Eu ia périódicamente à Guiné…era nessas reuniões que normalmente havia oportunidade de estar mais perto das coisas e das pessoas… Nessa altura eu tinha não só os relatórios escritos , mas também os relatórios directos que eu podia pedir aos diversos responsáveis, para ter uma ideia de como a situação andava. Mas, na Guiné,… o Luís Cabral sempre teve uma posição independente em relação ao secretário-geral. Ele era o presidente da Guiné-Bissau e dava-me a entender que o SG não tinha nada que se meter pelo meio. Procurou sempre demonstrar isso. (…)
De maneira que, às tantas, passei também a me marimbar, tenho de o admitir. (p.259)
De todo o modo, em relação à Guiné, a minha única esperança era, na altura das reuniões binacionais, que a malta guineense falasse e se procurasse, em conjunto, o remédio para o que estava mal. (…) Mas justamente esse era o mal dos guineenses : … podiam ir contar-me tudo, mas chegávamos a uma reunião e ficavam calados, mesmo que eu dissesse : « Você tem que contar as coisas que me disse em privado ».
Ainda por cima, … não havia a cooperação do Luís.
JVL : Havia uma paz podre, então no PAIGC ?
Com certeza. Aliás, isso dá-se em quase todos os partidos únicos, quando a coisa se prolonga por muito tempo…. como por exemplo neste caso, é o fim.
JVL : Isso prova… que o PAIGC estava armadilhado pela sua própria história.
Com certeza. Mas isso poderia ser ultrapassado se o Luís tivesse uma outra atitude, mais aberta e colaborante comigo.
A FRUSTRAÇÃO DE CHICO TE… (p.267-268)
Por exemplo, na altura da formaçâo do primeiro governo da Guiné – embora nessa altura, (…) o Nino não tivesse grandes ambições – o Chico foi escolhido pelo Luís paran comissário-prinicipal. Em vez de fazer uma consulta ampla, a nível dos primeiros responsáveis guineenses, sobre quem devia ficar à frente do governo, o Luís resolveu sózinho o assunto e perverteu, já aí, a situação de quem era realmente o chefe de governo. Passou ele a ser o chefe do governo e o Chico nada. (…) O Chico era um fulano sóbrio, esclarecido, eu tive sempre melhor impressão dele. Às tantas, ele passou a sentir-se frustrado.
O Chico, que era também um indivíduo que tinha sido levado um bocado pela bebida com o Osvaldo…, só que ao contrário do Osvaldo, o Chico tinha a tendência de pôr a bebida de parte e fazer a sua vida como deve ser. Era um indivíduo extremamente estudioso. O divertimento dele era ler. O Chico, … a partir duma dada altura, passa a beber, mas beber, beber, para cair.
JVL : Antes ou depois da independência ?
Depois da independência. Porquê ? A frustração que ele tinha. Aliás, é nessa altura que o Luís surgiu com essa tirada, quando confrontado com a questão de o Chico ser o comissário-principal e, portanto, ele é que tinha que ser o chefe do governo : « Não, não, isso é como os ministros ; ele é o primeiro dos ministros ». Portanto, « é o primeiro dos ministros mas sem ser primeiro-ministro ». O Chico, talvez pour uma questão de feitio, parecia não querer contestar isso, mas sofria e bebia.
NINO VIEIRA, COMISSARIO-PRINCIPAL (p. 271)
Em relação ao Nino, procurei sempre tirar partido do relacionamento que estableleci com ele quando trabalhamos juntos na Frente Sul. Mas, depois que passa a comissário-principal, ele retraiu-se, evitava encontratr-se comigo. Eu só sabia dele por terceiras pessoas. (…) Quando ía a Bissau… via-o à chegada no aeroporto… Se eu o mandasse chamar, difícilmente aparecia.
Eu era dos dirigentes com quem o Nino se abria um pouco mais. Eu sabia das suas limitações, por isso sempre procurei incutir nele que era preciso aumentar o seu nível de instrução e ter mais conhecimentos para que aquilo que a Guiné ainda esperava dele. (…) De facto ele arranjou explicadores. Mas as preocupações dele eram outras.
Mal chegamos, dos primeiros problemas que tivemos foi a questão das casas. Por exemplo. O Juvêncio Gomes, que nós tínhamos mandado à frente, trabalhou com Carlos Fabião. O Fabião arranjou-lhe uma casa, que era a antiga casa do presidente da Câmara Municipal de Bissau. Chegando a Bissau, das primeiras coisas que o Nino reclamou foi a casa do Juvêncio. (…) O Nino pôs o problema de tal forma, tanto pressionou, que o Luís teve de ceder. Desalojou o Juvêncio, mandando-o para outro sítio, para o Nino ir para lá.
O grande mal de Nino, sempre, foi a acumulação de erros e erros em relação àquilo que ele já estava prevenido. (…) O José Sanhá estava preso e tinha uma moça, (…). Afinal, o Nino já tomara conta da moça do Sanhá. Cabral quase ia caindo de costas. « Mas como é possível ? »(p. 266)
Por causa da sua conduta, o Nino estava sempre a receber observações por parte de Cabral e atribuía isso ao Luís, quando, na maior parte das vezes, nem era isso. Era por causa da póípria conduta dele.
Muitas vezes, a nível da cúpula, apresentavam-se problemas que o que apetecia fazer era mudar tudo. Houve situações em que quer o Nino quer o Osvaldo, principalmente, pelas coisas que fizeram, era para serem expulsos ou então deixarem de pertencer ao nível de responsabilidade que tinham.
O Nino sempre persistiu nessa via. Aliás, até depois, como chefe de Estado, ele fez coisas incríveis e o resultado só podia ser o que acabou por ser.
Eu sabia que o Luís estava a governar à vontadae porque o Nino não ligava para as suas responsabilidades. (…) Fazia de conta que não era nada com ele.
JVL : Apenas tirava benefícios do cargo.
Com certeza. E depois, com o golpe, veio pôr os problemas do lado exactamente contrário.
GOLPE DE ESTADO DE NINO VIEIRA (p.265)
A minha primeira impressão é que estava a acontecer aquilo que eu já tinha previsto. E havia também a maneira como as coisas estavam a ser conduzidas. (…) Sendo o Nino a dar o golpe, parti do princípio que era uma revanche dele em relação ao Luís. A questão entre eles não começa depois da independência mas muito antes. (…).
Aquilo era uma situação terrível, principalmente para o Luís que tinha de gerir o problema, sabendo que nem todos aceitavam a autoridade dele, a começar pelo Nino. Só se relatavam os desatinos que o Nino cometia em relação a mulheres e outras coisas do género.
Decidiu-se atribuir patentes altas a uma série de gente – Úmaro e outros – que tinham trabalhado sempre debaixo das ordens do Nino.
Houve a cerimónia, no interior da Guiné, em que ele chorou até, mas não foi por causa do Pires. O problema dele era o Tchutcho, o Úmaru… O Nino não admitia que o Úmaro tivesse a mesma patente que ele naquela altura, pelo menos. (…)
A situação chegou a um ponto em que toda a gente dizia que « o melhor é ver se o Nino vai estudar », e ele próprio, às tantas, convenceu-se disso também, felizmente. (…) Para ser oficial superior, ele tinha que estudar, e é assim que ele foi estudar em Cuba.
JVL : O certo é que depois do golpe, (…) O Nino disse que o mandaram estudar a Cuba quase como um castigo ou desterro.
Isso são conversas.
A minha esperança fixava-se mais na possibilidade de eu falar directamente com o Nino e propus-lhe isso através do Silvino. Ficou assente que ele viria ao Sal, mas depois ele nega-se a vir. (p. 272)
JVL : Algum dia chegou a sentar-se a sós com o Nino para discutirem esses problemas todos ? (p.284)
Ele fugiu sempre a isso. Mesmo em Maputo tentou-se avançar para essa via, mas ele pôs-se a repetir as mesmas coisas que tinham sido ditas durante o golpe. (…) Ele apenas dizia que havia uma situação que poderia dar em guerra civil, Luís estava a arranjar o seu grupo… Eu disse-lhe : « Tínhamos os orgãos do partido, onde podias denunciar isso. Por que não o fizeste ? » E ele : Eu já sabia que se o fizesse eu seria abafado. »
UNIDADE ADIADA (p. 280-282)
… a unidade era um processo longo, e que antes de falar na unidade política tinha de haver interesses, principalmente do ponto de vista económico, de mentalidades etc., e foi o que procurámos fazer.
Mas é preciso verificar que as iniciativas nesse sentido foram todas de Cabo-Verde. Da parte da Guiné nunca surgiu uma palha. Mas tudo o que fazíamos era mal interpretado. Por exemplo, quando a gente procurou fazer uma companhia mista de navegação marítima (Naguicave) e outras coisas mais, partiu-se do princípio que, sendo mais pobre, Cabo-Verde estava a procurar o encosto na Guiné, para subir. Todas as iniciativas foram nossas, mesmo o Conselho da Unidade, que se devia reunir, discutir as coisas, etc.
Mantinha-se no espírito dos dirigentes guineenses de que a luta tinha sido feito lá, a maior parte dos combatentes eram guineenses, portanto, tinham de ter uma certa preponderância, que nisso Cabo-Verde era a cauda. (…)
Por exemplo, estando a Guiné independente, evidentemente que havia responsáveis nossos que viajavam com passaporte diplomático guineense mas, com a independência de Cabo-Verde, esses passaportes foram postos de parte e emitimos os nossos. Os guineenses zangaram-se. (…) Com a criação da nossa moeda estranharam o facto dela continuar a chamar-se escudo em vez de peso como era na Guiné. E outras coisas mais que, para nós eram normais, para eles eram incomodativas.
Tudo que implicasse a unidade os guineenses diziam « sim senhor, sim senhor », mas não passava disso. »
Hoje, quando todos os países procuram unir-se, na Europa, na América e na África, vê-se melhor que, afinal, a unidade entre Cabo-Verde e Guiné não era nenhum absurdo.
MAPUTO : REECONTRO COM NINO (p. 283)
Quando o Samora apareceu com o seu gesto (…) no nosso encontro em Maputo, você não imagina as barbaridades que não ouvi do Nino. O que ele disse a meu respeito era de um inimigo figadal.
Ele classificou-me de tudo, traidor, que confiou em mim e que eu lhe dei as costas a favor do cabo-verdiano Luís Cabral, enfim aquela coisa de sempre contra os cabo-verdianos. Samora ficou a olhar atónito para nós com o que estava a ouvir, como a não querer acreditar.
COMO EGAS MONIZ (p. 275)
JVL :… há quem ache que se tivesse havido uma liderança forte sua, tanto em Cabo Verde como na Guiné, não teria havido o 14 de Novembro…
… admito que a minha liderança fosse fraca… Também reconheço que não tenho as características de uma autoridade forte. (…) … houve falhas, porque a minha capacidade não chegava ao nível que seria de desejar, mas que culpa tenho eu ?
Sentia-me uma espécie de Egas Moniz com a família. É como se Cabral estivesse vivo e eu tivesse que lhe dizer : « Olha, afinal, fiquei com isto mas vê lá a situação a que chegámos. Mas eu não podia fazer muito mais ».
Fin de citação.
Cada um vai certamente apreender as revelações de Aristides Pereira, à sua maneira. Quanto a mim : Creio que a verdadeira desgraça começou na distorção da hierarquia do Partido, com a escolha de Aristides Pereira para o cargo de presidente de Cabo-Verde. Desta feita, embora conservasse o cargo de SG, a impulsão que tal responsabilidade necessitava no momento, escapou-se-lhe naturalmente. É claro que naquela posiição, era para ele impossível ser árbitro, simplemente porque resolveu vestir a camisola de jogador.
- Aristides Pereira alinhavou o seu alibi como pode, encontrando no seu colega, Luís Cabral, a ode apropriada. No entanto, não é uma justificação que se pode aceitar com equanimidade. O que estava em jogo eram os interesses superiores do partido. Creio que ao ficar de pés atrás e esperar que os guineenses se espairassem à volta da unidade, faltou-lhe tomates..
- E resolveu marimbar ! Fantástica dialética numa mísera aplicação. Trocar as rédeas de Presidente da República pelas migalhas de um Secretário-Geral, acrescido do risco de continuar a não ser respeitado, não deve ser apanágio do comum dos mortais. Mesmo o « santo » Aristides, não escapou à regra. Enfim, tant mieux por ele et tant pis pelo resto.
- Aprende-se no livro que, afinal, o cargo de secretário-geral adjunto do PAIGC, não obedeceu a uma consulta prévia no seio do partido mas sim duma décisão pessoal de Amílcar Cabral, sómente para tirar os chineses da sola. Hoje, nada passaria dessa forma. Mas hoje é hoje e ontem … era Cabral ! (p.148)
- Em relação ao vasto complot que vitimou Amílcar Cabral, longe de insinuar que o Spínola fosse inteiramente alheio ao caso, compreende-se no entanto as razões porque os dirigents do PAIGC tudo fizeram para transformar o general português num ogro à defaut de poder desvendar o ogro que existia no próprio Partido. Eu ainda acredito que, algures no fundo, asfixiada sob montões de secretismos, a verdade existe. E Portugal deve tornar público as circunstâncias do assassinato de mais um dos seus. Na mesma linha que o general Humberto Delgado, Amílcar Cabral, nacionalista, morreu como português, não é ?
- Dispostos a ferir mas ainda relutantes em golpear, no 2° Congresso, a inércia dos guineenses tornara-se insensata. Ou os cabo-verdianos foram ingénuos ao acreditarem nesse fazer de contas que não quer dos guineenses ou estes foram mais inteligentes para mais tarde virem a justificar o que iria acontecer numa sexta-feira de Novembro de 1980. Pire, os guineenses mostraram de novo uma centelha de compaixão por um deles, o Luís Cabral, tornando-o Presidente da República… da Guiné-Bissau. Hipócritamente, para « compensar » a morte do irmão, - como uma vez me disse um alto dirigente do Partido, de passagem por Genève. E de novo os dirigentes cabo-verdianos engoliram a isca.
- Com todos os riquisitos que o Aristides o atribui, Chico Té não reunia condições para o cargo de SG ; e por não corresponder à hierarquia do Partido, nem tãopouco o do SG Adjunto. Daí a ser Comissário Principal e a não ter tido a responsabilidade de governar, vai um passo…
- Não sou a pessoa mais indicada para transformar o tigre em avestruz…mas a César o que é de César ! Pela força das circunstâncias, Nino era um mito. Na tese da atribuição das altas patentes militares, utilizaram-se fontes niilistas para apagar o mito. Infelizmente, as consequências deste acto viriam a marcar uma outra desgraça para os guineenses, que foi o golpe de Estado do 14 de Novembro de 1980, camuflada em concórdia nacional !
- Afinal, faltava um « capítulo » na história da fundação do PAI-GC. A saber que foram quatro as pessoas que estiveram presentes na reunião do 19 de Setembro de 1956, que foi recuperada posteriormente para servir de farol à fundação do movimento. Pode-se concluir, entre-linhas, que o acto própriamente dito, da fundação do PAI-GC, nunca existiu enquanto tal. Tomando esse Setembro como referência (de qualquer maneira não há outra !) eis os fundadores do PAI-GC : Amílcar Cabral, Fernando Fortes, Luís Cabral e Aristides Pereira. Ponto final.
- Vê-se que, desde a morte de Cabral, o Partido não conseguiu encontrar um rumo novo. Forçados a avançar juntos, guineenses e cabo-verdianos criaram entre si a tal paz podre, dormindo, cada um do seu lado, com um olho aberto. O lado que acabou por pagar e paga ainda hoje, é a Guiné. Entre o Nino que sempre adotou uma atitude sintomática de indolente desinteresse pela questão pública, o Chico Té jogando com a sua capacidade libatória, o Luís Cabral anelando a independência de acção face ao SG, e esse mesmo à se marimbar, o ritual da destruição não podia deixar de se cumprir. Basta também ver a « rapidez » com que os cabo-verdianos criaram o PAICV…
- E, assim, enqunto Cabo-Verde escrevia o seu futuro em letras de forma, na Guiné apostava-se mais nas azedas divisões e na sede de sangue.
Hoje, volvidos mais de trinta anos, o país enfrenta um bom desafio : optar por um regime presidencialista ou inclinar-se ao parlamentarismo. Em todo o caso, para sobreviver, já não tem outra escolha do que avançar nas novas direcções que a experiência da actual crise permite desbravar para finalmente alargar a sua cintura, erguendo a cidadania como dever e a República como necessidade.
Enquanto há vida …há esperança !
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